A técnica promove estímulos cerebrais que combatem a dor a curto e longo prazo
Sob a óptica da medicina ocidental, a picada de uma agulha de acupuntura
produz a condução de um impulso: receptores cutâneos transmitem
informações sobre o local e a intensidade da dor até a medula espinhal. A
partir daí, o sinal passa por diversas transformações (no mesencéfalo,
por exemplo) até que, pela via do tronco cerebral e do diencéfalo, chega
enfim ao tálamo (que faz parte do sistema límbico) e ao córtex
somatossensorial, onde a dor é percebida de forma consciente.
Então,
o sistema límbico agrega ao impulso uma componente emocional: o
incômodo da dor. Além disso, o cérebro reage ao estímulo da acupuntura
da mesma maneira como a outras irritações provocadas por estresse: o
corpo passa a secretar o hormônio ACTH (adrenocorticotrofina) em maior
quantidade, o que, por sua vez, leva à produção de substâncias
analgésicas.
O estímulo atua em pelo menos três planos. A
primeira inibição da dor ocorre na medula espinhal. O estímulo provoca a
secreção de encefalina e dinorfina, o que resulta na inibição da
excitabilidade elétrica das células nervosas condutoras. Assim se
explica também o rápido alívio da dor, o chamado efeito analgésico
imediato da acupuntura: enquanto a agulha estiver fincada na pele, o
estímulo atua contra as dores reais à maneira de uma manobra
diversionista, ou seja, distraindo o paciente.
Especialistas como
o médico Markus Bäcker, do Instituto de Medicina Natural e Integrada
da Universidade de Duisburg-Essen, postulam ainda um segundo mecanismo,
mais a longo prazo, no plano da medula espinhal: sinapses inibidoras
diminuiriam de forma duradoura a força de transmissão das fibras
nervosas condutoras, de tal modo que a dor real já não chegaria ao
cérebro e, portanto, não poderia ser sentida.
Um terceiro
mecanismo que também conduz à inibição mais duradoura pode ser
atribuído a uma espécie de contrairritação do cérebro: mesmo bom tempo
depois de retirada a agulha, a atividade que foi acionada em partes do
diencéfalo persiste. A partir do hipotálamo ou da hipófise, hormônios
como a betaendorfina retornam à medula espinhal, proporcionando ali um
efeito analgésico duradouro.
Fonte: www.uol.com.br