quinta-feira, 26 de março de 2015

O significado ancestral do termo “medicina” na antiga China

Mais do que o uso de remédios, os médicos chineses ancestrais entendiam que curar o espírito de alguém é o mais fundamental
 
Qual era o significado ancestral do termo "medicina" na antiga China?

O caractere chinês 藥 (yào) refere-se a medicamento ou droga. Ele é composto por duas partes.

A parte superior é o radical 艹 (cǎo), que indica relva e plantas, relacionadas com ervas, incluindo ervas medicinais. A parte inferior pronuncia-se 樂 (yuè ou lè), e é um caractere independente que tem dois significados: música (yuè) e deleite ou felicidade (lè).

Estas duas partes e esses três significados juntos proporcionam um insight sobre como os antigos chineses compreendiam a medicina.

O caractere 藥 (yào) teve origem na sua parte inferior, 樂 (yào), que relaciona historicamente o uso da música para curar doenças desde a antiguidade na China, antes até da descoberta das ervas medicinais chinesas.

Os milênios foram passando, mas a escrita chinesa, apesar de modificada e reduzida após a entrada do cumnismo na China, em 1949, manteve muitos dos caracteres originais, levando a diante os conceitos originais e fundamentais da cultura chinesa: o caractere que existe atualmente na língua chinesa para designar "medicina" expressa em seu conjunto três coisas: música, felicidade e ervas.

A batalha do Imperador Amarelo com Chi You

De acordo com a mitologia chinesa, Huang Di, ou o lendário Imperador Amarelo, que é reverenciado como o antepassado do povo chinês, certa vez foi desafiado a uma batalha por Chi You, o líder atroz de uma antiga tribo.

Abençoado pela fada divina Xuan Nü, que promovia os virtuosos e condenava os tiranos, o Imperador Amarelo foi aconselhado num sonho que só o som ensurdecedor de um tambor da pele de Kui, um boi selvagem monstruoso que residia na costa do Mar do Leste, poderia derrotar a tribo de Chi You e suas cabeças de metal.

Após acordar, o imperador imediatamente ordenou a captura do Kui. A pele do Kui foi então usada para produzir 80 tambores.

Quando os soldados do imperador soaram os tambores no campo de batalha, a terra estremeceu em todas as direções e os soldados de Chi You foram derrubados, as suas cabeças de metal racharam provocando muita dor.

Contudo, vários dos soldados do imperador foram afetados pelo som e também caíram inconscientes. O imperador pediu ajuda a seu músico mestre que rapidamente improvisou um remédio.

Um instrumento que salva vidas

O músico-mestre desatou as cordas dos arcos dos soldados do imperador e amarrou-as a um pedaço oco de madeira. Em seguida, ele pegou um pequeno e fino pedaço de metal e graciosamente dedilhou as cordas produzindo música maravilhosa. Gradualmente, os soldados feridos recuperaram a consciência.

Inspirado por este instrumento, Cang Jie, o oficial encarregado de criar os caracteres, concebeu o caractere 樂 (yuè) para música.

No meio da parte superior está o caractere 白 (bái), com duas "cordas" (糸, sī) em ambos os lados. 白 (bái) é o caractere para a cor branca, mas, neste contexto, ele se refere à palheta, a pequena ferramenta plana usada para tocar ou arranhar as cordas. Na parte inferior de 樂 (yuè) está o caractere 木 (mù), que significa madeira.

Assim, pode-se ver que a estrutura do caractere 樂 (yuè) é uma representação do instrumento que salva vidas. Baseado no uso inicial da música para curar enfermos, o caractere para música foi mais tarde integrado no caractere para droga ou medicamentos, 藥 (yào).

Da amargura à alegria

O caractere chinês para música tem um segundo significado: deleite e/ou felicidade. Enquanto a relação óbvia é que a bela música pode trazer alegria, a alegria tem outra relação com a medicina.

O medicamento é caracterizado por sua amargura, contudo, um paciente só consegue recuperar sua saúde e felicidade após sofrer amargura. Este paradoxo tem suas raízes na "doutrina do equilíbrio/meio", o clássico confucionista que ensina que para ganhar uma posição invencível uma pessoa tem de ser perseverante e manter uma posição "mediana" ou "equilibrada", que estaria entre os extremos.

Essa visão permite que uma pessoa encontre esperança na adversidade e exerça prudência em meio à prosperidade. Deste princípio, pode-se ver por que a felicidade (樂, lè) está contida no medicamento amargo, 藥 (yào).

De acordo com a mitologia, Shen Nong, considerado o pai da agricultura na China, experimentou centenas de ervas para averiguar suas propriedades medicinais.

Ele também teria estabelecido uma base sistemática para a medicina tradicional chinesa, compilando mais tarde o primeiro livro de farmacologia, chamado ‘Clássico da medicina herbórea de Shen Nong'. Por isso, é apropriado encontrar o radical 艹 (cǎo) no caractere chinês para medicina.

A verdadeira medicina, então, deve recuperar uma pessoa tocando-lhe a alma, e, às vezes, necessita usar remédios amargos para a cura e a consequente felicidade da pessoa.

 Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

domingo, 22 de março de 2015

Bases essenciais da saúde, da imunidade e da longevidade

A saúde não é apenas fruto de uma vida saudável, mas, antes de tudo, das energias ancestrais e espirituais que uma pessoa traz consigo ao nascer

Desde a antiguidade o homem procurou compreender os fatores responsáveis pela boa saúde, longevidade e qualidade de vida. Atualmente o homem possui certo conhecimento a respeito desse tema e busca garantir isso mediante hábitos de vida saudáveis como uma dieta balanceada e exercícios físicos para preservar a sua saúde e funcionalidade. Mas haveria algo a mais para compreendermos? A antiga medicina chinesa traz uma série de considerações sobre esse tema.

Segundo o conhecimento tradicional, o corpo humano possui vários tipos de energias, fluídos, tecidos e órgãos, formando um arranjo harmônico que permite ao ser humano completar o seu ciclo vital. Qualquer componente em falta, excesso, bloqueio, ou circulando indevidamente prejudica a saúde, reduzindo o tempo de vida e gerando prejuízos ao organismo.

Assim, a imunidade passa a ser um subproduto da boa funcionalidade e circulação dos diversos tipos de energias em nosso organismo, desde as mais sutis e rarefeitas até as mais substanciais.

Existem duas energias primordiais extremamente importantes para o nosso desenvolvimento saudável, uma delas relaciona-se com nossa linhagem, nossa herança genética, conhecida como Jing (Essência). Essa essência sofrerá transformações para desenvolver o corpo físico por meio de uma energia conhecida como Yuan Qi (energia original), uma energia catalisadora de todos os nossos processos orgânicos que irá agir na essência liberando "sopros" (energias específicas) que irão dar impulso a todas as funções orgânicas. Essa energia relaciona-se com nossa "origem", que nos remete a um estado anterior à forma (ao nascimento) e que durante a vida do ser humano o conecta com suas disposições internas inatas (celestiais), bem como carrega também aspectos cármicos, fazendo com que os homens ao nascer já sejam distintos entre si.

No livro Zhuan Falun - Girando a Roda da Lei, uma obra sobre o cultivo do corpo e da mente, encontramos a descrição de que o nosso corpo possui um campo ao seu redor (numa outra dimensão material-energética) e nesse campo se concentram dois tipos de energias conhecidas como virtude e carma. Quanto mais virtude uma pessoa tem, menores serão as chances de adoecer. Quanto mais carma uma pessoa acumula, maiores as chances de uma vida com muitas enfermidades, e maiores as chances de uma morte prematura. Essas substâncias (virtude e carma) não se acumulam durante uma única vida, mas vão sendo transmitidas e acumuladas desde tempos remotos.

Esse conceito, embora não seja diretamente difundido na moderna medicina chinesa, faz parte do conhecimento tradicional das três principais linhas filosófico-religiosas do oriente (budismo, taoísmo e confucionismo), que foram as principais correntes a influenciarem o conhecimento holístico da medicina chinesa. Esse entendimento relaciona-se com o que a medicina chinesa expõe sobre a nossa Essência (Jing) e a nossa energia Original (Yuan). Basicamente, nossa herança genética revela quanta virtude nossos ancestrais acumularam, e nossa energia original nos conecta ao plano sutil, como um guia de nossas disposições inatas. Quando somos guiados pelas nossas disposições íntimas o resultado é uma vida de realização e saúde, do contrário o corpo perde o apoio do princípio sutil que o organiza, gerando assim fatores de adoecimento.

Nos tempos antigos as pessoas viviam mais de 100 anos, porém, depois de alguns séculos as novas gerações passaram a ficar decrépitas à meia idade. Quando o lendário Imperador Amarelo perguntou ao seu médico imperial sobre essa questão, ele respondeu que era devido ao fato de que o homem tinha deixado de viver de acordo com o Tao e não mais se adaptava às mudanças da natureza. Afastou-se da lei do céu, das suas virtudes, não moderava mais os desejos e tinha desenvolvido vícios: esqueceu-se de como adaptar-se às mudanças sazonais e aos hábitos de vida que devemos incorporar em cada uma delas.

Hoje, vemos casos de muitas celebridades e pessoas a quem não faltam recursos materiais sofrerem de doenças graves, mesmo com uma alimentação equilibrada, praticando exercícios físicos regularmente e ainda contando com o suporte da medicina moderna. As doenças continuam se manifestando sem respeitar idade, crença, status social e condição financeira.

A boa saúde e a imunidade são frutos diretos da tranquilidade de espírito, do viver de acordo com a lei natural, de quando se está cultivando as virtudes e moderando desejos: só assim se preserva a essência e se acumula virtude (energia de caráter positivo) para as próximas gerações. A Escola-Buda (um termo genérico para designar o conjunto de todos os caminhos que ensinam a alcançar o estado búdico) nos ensina três princípios fundamentais para alcançarmos a paz de espírito e a saúde física, são eles: Verdade, Benevolência e Tolerância.

Princípios básicos para se desenvolver a retidão, a compaixão e a paz interior (a perfeição do caráter e da mente). Todo o bem que fazemos não beneficia apenas os demais: seus efeitos retornam em igual intensidade para quem o gera. Se já possuímos bons hábitos alimentares e praticamos atividades físicas regulares, já temos a base para uma boa saúde; a outra parte reside em verdadeiramente assimilar os três princípios fundamentais e cultivar a virtude.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

Conhecendo as peculiaridades de um ponto de acupuntura

A sabedoria dos antigos médicos chineses conhecia as características e funções de um ponto em profundidade
 
No centro da escápula fica um ponto de acupuntura conhecido como "tianzong", que se traduz como "religião do céu". Podemos deduzir que, se há uma religião do céu, também deve existir uma religião da Terra.

Para entender a mensagem deste ponto, temos primeiramente de nos familiarizar com o meridiano que passa por ele, sua energia e o ambiente emocional que o caracteriza. O ponto tianzong pertence ao órgão e ao meridiano do intestino delgado (dentro da teoria da Medicina Tradicional Chinesa, cada órgão ou víscera está conectado a um canal de energia, chamado também de meridiano de energia).

Como sabemos, a principal função do intestino delgado é complementar a digestão dos nutrientes que ingerimos e absorver uma série de substâncias úteis ao organismo. Mas o que não é comumente conhecido é que, no nível energético e emocional, o intestino delgado engloba outras funções, tais como manter o coração em equilíbrio, contribuindo para a regularidade e continuidade do coração.

Na antiguidade, dizia-se que o espírito se encontra no coração e que um imperador deveria governar com grande inteligência e consciência, para preservar a harmonia e a integridade entre o povo. No organismo, o coração governa todo o corpo, sustentando todas as necessidades por meio da circulação sanguínea.

Todos os acontecimentos internos e situações têm impacto sobre o coração, portanto ele é muito sensível a qualquer alteração em nós. Ele é facilmente afetado por mudanças fisiológicas e psicológicas ao seu redor, o que tem repercussões em seu ritmo e na intensidade de sua energia.

Dessa forma, como um cão fiel, o intestino delgado realiza a função energética de proporcionar regularidade e continuidade ao coração, de modo que ele não seja afetado pela mais leve mudança externa. Então, por que o ponto tianzong fica dolorido?

Bem, cada um de nós tem sua própria fé, crenças ou religiões. Alguns acreditam em religiões ortodoxas, outros em práticas espirituais, outros na ciência, na política, etc. Mas, por fim, como se torna o mundo? Cheio de lutas, ciúmes, raiva, ódio... Como isso influencia esse ponto? Ele ficará bloqueado. Nesse caso, como nosso intestino delgado, coração e espírito ficarão?

Se o ponto tianzong estiver bloqueado, pode-se observar sintomas no dedo mínimo da mão, na parte interior do cotovelo, na escápula, no pescoço, e também hemorragias menstruais. Este ponto nos ensina que a "religião do céu" é encontrada apenas por meio da harmonia e do desapego. Ser desapegado e pacífico é o caminho para o céu e para estar em paz consigo mesmo e com o que nos circunda.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

sábado, 21 de março de 2015

A importância do fígado na Medicina Tradicional Chinesa

Na medicina tradicional chinesa, a boa saúde é mantida através da nutrição de diferentes órgãos durante as diferentes estações do ano.

Na primavera, quando os brotos verdes emergem do solo previamente congelado e os botões de flores aparecem nas árvores, é hora de considerar o seu fígado.

Os entendimentos da medicina chinesa sobre a função dos órgãos são complexos, e vão além das atividades químicas dos órgãos. No entanto, as regras são claras. De acordo com o Nei Jing, um tratado fundamental de bem-estar e doença da antiga China, "Aqueles que desobedecem as leis da primavera, serão punido com uma lesão no fígado".

Então, quais são as "leis da primavera"? Liderança, crescimento e um espírito tranquilo.

Líder da Primavera

Em muitas culturas antigas, a primavera representa um novo começo - tempo para a limpeza e a renovação que dão ritmo ao resto do ano. Na medicina chinesa, o fígado também assume um papel de liderança decisiva, como a de um general do exército que dirige as forças de todo o corpo.

Idealmente, esse fígado geralmente é sábio: responde adequadamente às mudanças e promove o equilíbrio, o crescimento e um fluxo livre de energia por todo o corpo.

"O general toma as decisões sobre onde devemos ir para colocar a nossa energia", disse Mary Rogel, Ph.D., acupunturista e fitoterapeuta em Chicago, e editora do Oriental Medicine Journal.
"A energia vem de outro lugar, mas é o fígado, o general, que decide quando usá-la, onde usá-la, e o quanto usá-la."

Um general doente ou lento traz o caos: as tropas não têm sentido, e os resultados não passam de estagnação e frustração. Na medicina chinesa, um fígado estagnado pode causar problemas em qualquer parte do corpo e levar a uma grande variedade de sintomas, como inchaço ou inflamação nas articulações, tensão nos músculos, má digestão, desequilíbrio hormonal e erupções cutâneas.
Ao tratar de alguns pacientes, Rogel diz ter que lidar, antes de qualquer outro procedimento, com problemas de fígado.

"Às vezes, há pacientes que chegam com dores no corpo todo - mal dá para tocar na pessoa e é muito difícil começar a tratá-los", disse ela. "Todas essas pessoas, na minha experiência, possuem desequilíbrio no fígado, e uma vez que eu sano tal desequilíbrio, eu posso então tratálas como qualquer outro paciente."

Uma menopausa difícil também demonstra o papel crítico de liderança do fígado. A produção hormonal de cada mulher diminui naturalmente com a idade, mas para algumas, a transição é difícil. De acordo com Rogel, quando um general competente ajusta o corpo de acordo com as alterações hormonais, os sintomas desaparecem.

"Se você vai lá e limpa o fígado, os sintomas da menopausa desaparecem, e você não tem que fazer nada com os hormônios", disse ela. "Você não precisa seguir a abordagem da medicina ocidental, que faz substituição de hormônios, tudo que você precisa fazer é limpar a bagunça para que o fígado possa cuidar das coisas."

Cuidados gerais

A medicina moderna vê o fígado como um filtro - purifica o sangue, metaboliza hormônios, toxinas e vírus mortos; separa o útil dos problemas.

Várias tradições com ervas medicinais visam limpar esse filtro com plantas verdes e ácidas.

Curiosamente, estas plantas tendem a crescer na primavera.

"É como se a natureza estivesse nos dizendo que é hora de fazer uma limpeza", disse Rogel. "Limpe todos os restos acumulados durante todo o inverno, quando costumamos comer alimentos pesados, e faça as coisas circularem novamente."

As folhagens azedas, como o dente de leão e a labaça, são remédios para o fígado, reconhecidos e utilizados em todo o mundo. O famoso sabor azedo do ruibarbo, do limão e do vinagre servem para um propósito similar. Há algo no gosto azedo que ajuda o general a clarear a cabeça.

Espírito tranquilo

O fígado é um líder, mas como o corpo está sempre mudando, o general não pode ser demasiadamente rígido. Se a nossa ambição não for temperada pela vibração leve da primavera, os problemas podem surgir.

Entre os extremos do inverno e do verão, a primavera tem um espírito mais descontraído, e nós também, quando temos um fígado saudável.

Mas quando o nosso caminho fica bloqueado, as coisas não saem do jeito que queremos, nossa ira se inflama, e isso pode afetar negativamente o fígado. Segundo a medicina chinesa, o fígado é particularmente sensível à emoção, e a raiva intensa ou prolongada pode danificá-lo.

Ressentimento, frustração ou sentimento preso também podem gerar estagnação no fígado ao longo do tempo. De acordo com Rogel, alguns pacientes podem traçar problemas de saúde com uma única explosão de raiva.

Outras coisas que prejudicam o fígado incluem álcool, exposição a substâncias químicas tóxicas, óleo hidrogenado e outras gorduras de má qualidade, excesso de açúcar e uso de drogas.

Para manter o fígado em sua melhor forma, você deve comer muitas verduras, beber água com limão e adicionar raiz de cúrcuma em sua culinária. Para obter um remédio específico que cure o desequilíbrio do fígado, visite um acupunturista ou fitoterapeuta local.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

domingo, 15 de março de 2015

Acupuntura: uma terapia que exige sabedoria

Apesar de ter se tornado uma terapia bastante difundida, a acupuntura não se resume na simples inserção se agulhas: ela exige um profundo conhecimento e sabedoria
 
A acupuntura tem milhares de anos de existência e é um dos cinco pilares da medicina tradicional chinesa (MTC). Seu tratamento emprega agulhas, que são inseridas em certos pontos do corpo humano para aliviar doenças e dores.

As bases teóricas e filosóficas da acupuntura foram formuladas há 2.000 anos, dentro da estrutura da MTC. No centro disso está a força vital do corpo, também chamada de energia vital, ou "qi" em chinês, energia na qual tudo está baseado.

A energia vital está sempre em movimento. Isto inclui as funções dos órgãos internos e os ritmos do corpo, como a respiração, a digestão, o sistema imunológico e a ação dos músculos.

Semelhante a um rio que corre numa paisagem, os meridianos de energia intercruzam-se pelo corpo e o abastecem de energia vital. Ao longo desses meridianos encontram-se pontos de acupuntura, que podem ser usados para influenciar e regular o fluxo de energia do corpo.

A energia (qi) de uma pessoa saudável flui harmoniosamente, é forte e está desimpedida

De acordo com a MTC, as doenças surgem quando estes fluxos de energia são perturbados por um excesso ou deficiência de qi.

A pesquisa sobre a acupuntura fez alguns avanços, no entanto, sua eficácia é apenas explicada segundo as teorias ocidentais, que falam da presença de adenosina, um composto responsável por muitas funções corporais, nos pontos de entrada da agulha. Assim, a acupuntura tem um efeito imediato no sistema imunológico e na percepção da dor.

Estudos já confirmaram os efeitos positivos da adenosina na redução da pressão arterial e do ritmo cardíaco. A adenosina também promove o sono, diminui a inflamação e pode interromper impulsos nervosos indesejáveis que desencadeiam a dor.

A acupuntura atua de forma distinta em diferentes indivíduos. Pesquisadores norte-americanos da Universidade de Rochester, Nova York, acharam uma possível explicação para a variação individual. Em seus experimentos em laboratórios, eles isolaram uma proteína chamada A1 que parece desempenhar um papel decisivo nos efeitos da acupuntura. Se o corpo não tem essa proteína, a eficácia da acupuntura é baixa.

No entanto, apesar das puncionadas poderem restaurar o fluxo de energia, equilibrando-o e, consequentemente, harmonizarem a saúde, o Ocidente ainda mostra-se pouco convencido dos resultados desta arte milenar, que gradualmente vai ganhando receptividade.

Na antiga China, muitos renomados médicos possuíam habilidades em acupuntura, mas eles tinham outra coisa em comum: segundo registros antigos, eles eram cultivadores budistas ou taoístas.

Estes indivíduos eram dotados de grande sabedoria e tinham faculdades sobrenaturais que lhes permitiam diagnosticar e tratar doenças. É por isso que criaram técnicas tão extraordinárias, capazes de anestesiar um indivíduo para uma cirurgia torácica com apenas 4 agulhas, ou restabelecerem funções orgânicas avariadas severamente apenas com modulações de energia feitas através de estímulo de pontos precisos no organismo etc.

Um exemplo da profunda sabedoria e das extraordinárias técnicas dos antigos médicos e mestres da MTC é a técnica da tartaruga mística: nessa técnica, utiliza-se uma única agulha num ponto determinado do organismo, que junto com outros estímulos indicados para a pessoa, podem regular toda a fisiologia de um indivíduo naquele dia, atuando de forma notável em inúmeros tipos de doenças e desequilíbrios.

Um médico ou terapeuta que tenha apenas aprendido a utilizar a acupuntura para aliviar dores e sintomas superficiais precisa estudar muito para se tornar um verdadeiro acupuntor ou acupunturista. Isso mostra que a acupuntura não significa apenas inserir agulhas para aliviar dores, mas sim entender profundamente o ser humano, em relação aos fluxos de energia da Criação, de modo a reequilibrá-lo holisticamente e promover a sua reintegração saudável consigo mesmo e com o fluxo da Vida (Tao).

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

sábado, 14 de março de 2015

Rediscutindo a Medicina Tradicional Chinesa atual

A verdadeira Medicina Tradicional Chinesa tem sido misturada a conceitos científicos ocidentais modernos e perdido a sua essência

"Hoje em dia a medicina está integrada - nem bem ocidental, nem bem chinesa", afirma o médico de medicina tradicional chinesa o Sr. Yu Hong Chao, que acredita que o regime chinês está forçando o desenvolvimento da medicina ocidental sobre o sistema medico chinês.

"Metade dos estudos são medicina chinesa a outra metade são medicina ocidental", diz, acrescentando que isto irá eventualmente erradicar a medicina tradicional chinesa.

"Teremos uma pseudo-medicina chinesa", diz o Sr.Yu."Se [a pratica corrente] consiste apenas em ensinar outros como preparar as ervas ou como estudar os livros sem real prática clínica.

Aqueles que poderão realmente compreender as doenças e serão capazes de tratá-las, serão poucos e raros".

A legislação que está rapidamente mudando a face da medicina tradicional chinesa entrou em vigor em 1999. Como o Sr.Yu muitos praticantes possuem vasto conhecimento e habilidade, mas falham em cumprir os requerimentos e regulamentos.

De acordo com o sistema chinês que regula a pratica médica "um praticante de medicina chinesa registrado" não pode passar um documento para licença por doença ou passar uma prescrição.

O seu estatuto é equivalente ao de um enfermeiro. O Sr. Yu está muito preocupado que a medicina tradicional chinesa desapareça de vez. Infelizmente muitos chineses não estão sequer conscientes do que está acontecendo à sua própria cultura.

O Sr.Yu descreve o que ele considera praticar verdadeira medicina: "Quando alguém que tem genuína habilidade em medicina chinesa, quando tem interesse genuíno em tratar o paciente, há sinceridade em recomendar o paciente para outros médicos quando a habilidade encontra limitações".

"Se um praticante consegue curar 6 de 10 pacientes, então ele é um praticante médico de primeira categoria", diz o Sr.Yu. "Se consegue curar apenas um ou nenhum, então não sabe curar doenças. Se um médico não sabe curar doenças para que serve?"

"Por exemplo, eu mandei 10 pacientes a um praticante e ele curou todos. Ele é um praticante de primeira categoria" diz. "Uma condição como espondilite anquilosante não é tratável com medicina ocidental, mas um verdadeiro praticante de medicina chinesa pode melhorar a condição em mais de 80%".

"Existem muitos bons praticantes de medicina chinesa, mas infelizmente, por não possuírem certificados, não podem praticar". É triste para o Sr.Yu ver tantos pacientes procurarem por todo o lado para encontrar um genuíno praticante de medicina chinesa, mas falharem e terem que sofrer consequências adversas.

Genuínos praticantes de medicina têm como objetivo ajudar as pessoas em vez de fazerem dinheiro. Na parede da clínica do Sr.Yu os ensinamentos do seu mestre deixam bem claro:"Desconto ou de graça para os pobres".

O Sr.Yu diz que tem que seguir os ensinamentos do seu mestre, mas também lamenta o declínio moral das pessoas hoje em dia. Tais pessoas nem sequer fazem um telefonema de agradecimento quando suas doenças são curadas.
Servindo à comunidade

De acordo com estatísticas em 2010, Hong Kong apresentava-se em segundo lugar no mundo onde a esperança média de vida é mais longa . O Sr.Yu acredita que isso é porque Hong Kong tem genuínos praticantes de medicina chinesa.

"Muitos outros países possuem melhor ambiente, comida e ar, mas não se podem comparar a Hong Kong. Quando os praticantes de medicina chinesa desaparecerem de Hong Kong, a esperança de vida dos residentes irá decrescer" diz.

De modo a manter vivo o legado da antiga medicina tradicional chinesa deixado por seu antepassados, o Sr. Yu fundou a associação ‘Preserving Ancient Chinese Medicine' uma organização não lucrativa. Ele espera poder preservar e passar o legado de 5.000 anos de medicina tradicional chinesa.

Quando a associação foi estabelecida, o Sr.Yu tinha o cabelo negro. Agora, apenas alguns anos passados e o seu cabelo tornou-se grisalho. É um duro trabalho para um velho médico atender a reuniões e protestar nas ruas. Mas um velho praticante de medicina chinesa não pode ficar em casa saboreando a vida, pois necessita espalhar as notícias e servir a comunidade.

Nos últimos 10 anos, o Sr.Yu empenhou-se em esclarecer reportagens que distorciam a medicina chinesa. Ele espera que os residentes de Hong Kong possam apreciar o verdadeiro valor da medicina chinesa. "Algumas doenças não podem ser curadas pela medicina ocidental, a vida será definitivamente melhor se existirem mais opções", afirma.

Fonte: secretchina.com/Epoch Times em Português

domingo, 8 de março de 2015

A acupuntura trata das dores mantendo o organismo saudável

Com simples e precisos estímulos, a acupuntura é uma terapêutica eficiente e inteligente para tratar os distúrbios dolorosos

Um referendo nacional indicou que mais de um quarto dos adultos norte-americanos experimentaram algum tipo de dor que durou mais do que um dia.

A dor é uma sensação desencadeada no sistema nervoso. Pode ser aguda ou latente, intermitente ou constante, localizada ou generalizada. Apesar da dor geralmente desaparecer quando o problema subjacente é removido, ela também pode durar semanas, meses ou anos.

Para aliviar a dor muitas pessoas tomam medicamentos de venda livre, incluindo aspirina, naprozem e ibuprofeno. Medicamentos mais fortes, incluindo anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) em doses mais elevadas e narcóticos estão disponíveis apenas por meio de prescrição.

As pessoas podem também experimentar abordagens que não envolvam tomar medicamentos, como a terapia ocupacional, terapia comportamental e terapias complementares e alternativas, como osteopatia ou acupuntura.

A partir da perspectiva da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a dor é causada por desequilíbrios energéticos. Um deles é o bloqueio dos canais de energia ou meridianos. A energia ou qi deve fluir suavemente para manter a função normal do corpo e da mente. Sempre que existe um bloqueio dos canais de energia, surge dor na região. Em outras palavras, quando a energia está estagnada na área, isso provoca dor.

Os fatores envolvidos na origem do bloqueio dos meridianos incluem o trauma físico, o estresse emocional e a energia patogênica excessiva do ambiente, como calor, frio e umidade. Picadas de insetos e ingestão excessiva de álcool também contribuem para o problema. Este tipo de dor é normalmente aguda, severa ou intermitente e também localizada ou migratória.

Outro tipo de dor é causado principalmente por quantidade deficiente de energia se movendo no corpo ou por nutrição deficiente dos tecidos orgânicos ocasionada por má circulação. Este tipo de dor normalmente é latente, crônica, consistente e localizada. Normalmente, as pessoas têm dores causadas por ambas as condições referidas acima.

Os tratamentos de acupuntura são frequentemente aplicados após uma avaliação dos canais de energia e da determinação dos tipos de desequilíbrios energéticos presentes.

As agulhas de acupuntura podem sempre ser inseridas em zonas que apresentam menor sensibilização ou incômodo, para aliviar as dores de outras regiões dolorosas do paciente. Além disso, uma combinação de pontos de acupuntura deve ser selecionada para abordar o desequilibro energético dos meridianos. Por exemplo, para um homem de meia idade com sintomas crônicos de dor lombar causados por deficiência de qi nos meridianos do rim e da bexiga, alguns pontos nos meridianos correspondentes podem ser selecionados.

Após a seleção dos pontos, as técnicas de inserção e manipulação da agulha podem diferir dependendo do bloqueio ou da deficiência de energia. Por exemplo, se a energia está bloqueada, a agulha deve ser inserida na direção contrária ao fluxo do qi do meridiano e girada no sentido anti-horário. Se a energia é deficiente, a agulha é inserida na direção do fluxo do qi e girada no sentido horário.

Tradicionalmente, as pessoas recebem tratamentos diários de acupuntura com base em certas condições. Nos Estados Unidos, as pessoas recebem tratamento uma ou duas vezes por semana de acordo com suas possibilidades financeiras e de tempo. As pessoas necessitam persistir no tratamento por algumas sessões para realmente se beneficiarem.

A acupuntura vem sendo estudada por sua eficácia no alívio de muitos tipos de dor. Há descobertas promissoras em algumas condições, como dor lombar crônica e osteoartrite no joelho. O problema com a pesquisa é que ela frequentemente falha em averiguar corretamente os desequilíbrios do qi em cada paciente e não trata com a frequência ou persistência necessárias para demonstrar que sua eficácia vai além do efeito placebo.

Nos estudos em animais, a acupuntura parece estimular a produção de endorfinas e regular os neurotransmissores. Estudos neuropsicológicos em seres humanos indicam que a acupuntura pode reduzir a atividade elétrica na zona do cérebro envolvida na percepção da dor. Contudo, nenhum destes achados pode ainda explicar os dramáticos efeitos verificados na redução da dor.

Normalmente, a acupuntura é considerada segura quando realizada por praticantes experientes. Há pouquíssimas complicações relatadas sobre a acupuntura. Eventos adversos sérios são raros, mas incluem infecções e órgãos perfurados.

Além disso, há menos efeitos adversos associados com a acupuntura do que com muitos tratamentos alopáticos, como medicação anti-inflamatória e injeções de esteroides, usados para controlar condições musculoesqueléticas dolorosas como fibromialgia, dor miofascial, osteoartrite e cotovelo de tenista.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

sábado, 7 de março de 2015

Tui-Na: a massagem da Medicina Tradicional Chinesa

Uma massagem que desenvolveu-se durante milhares de anos na China e transformou-se numa terapia de grande alcance e benefícios para as pessoas
 
Na China, a massagem foi e ainda é em muitas regiões muito mais popular do que analgésicos e anti-inflamatórios.

A China foi o berço das mais tradicionais técnicas de massagem. Existiam diversos nomes, mais ou menos genéricos, que denominavam as várias técnicas, como An-Ma, Ma-Ça, Tui-Na etc, que com a unificação e a formalização da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), unificaram-se sob o termo genérico ‘Tui-Na'. A Tui-Na é, portanto, um ramo ou forma terapêutica utilizada dentro da MTC, por médicos e terapeutas, inclusive em hospitais de grande porte da China.

É bem provável que o termo ocidental ‘massagem' tenha derivado do termo chinês Ma-Ça. O próprio termo Do-in, muito conhecido no ocidente, é quase certamente derivado do termo chinês Tui-Na. Isso porque em muitas regiões da China, a mesma palavra tem diferentes pronúncias, devido aos diferentes dialetos e formas de pronúncia particulares.

Há milhares de anos os chineses já aplicavam as massagens para tratar inúmeras doenças e distúrbios, com resultados excelentes. Boa parte desse conhecimento disseminou-se entre a população por meio dos mestres e praticantes taoístas, que conheciam os canais de energia que permeiam o corpo humano, assim como os diferentes tipos de energia que constituem os seres humanos, suas inter-relações e as formas de reequilibrá-las e restabelecer a harmonia e a saúde.

Esse conhecimento atravessou fronteiras e muitos países do oriente foram influenciados e beneficiados pela MTC. Um exemplo foi o Japão. Nos primórdios da colonização do Japão, muitos conhecimentos vieram da China - através de monges, médicos, eruditos e outros - e entre esses ricos conhecimentos estava a MedicinaTradicional Chinesa. Esses conhecimentos foram sendo assentados e transformados pela própria cultura japonesa e assim o Japão adaptou os conhecimentos da acupuntura chinesa, transformando-a na acupuntura japonesa. A Tui-Na transformou-se na massagem japonesa conhecida como Shiatsu.

Hoje, até mesmo no ocidente, os conhecimentos da MTC são bastante difundidos, ainda que suas raízes mais sábias e originais tenham sido perdidas durante os anos ou censuradas e destruídas pelo governo comunista chinês. Especialmente, a mentalidade dos líderes comunistas que tomaram a China em 1949 supunha que todos os conhecimentos que provinham dos sábios ou mestres espirituais antigos eram superstições e deveriam ser eliminados dos textos ao serem ensinados para o povo. Devido a isso, muitos conceitos, entendimentos e sabedorias refinadas sobre o homem, seu espírito e sua relação com as energias cósmicas foram perdidos, o que fez com que a MTC se reduzisse muito em termos de profundidade de conhecimentos e de eficiência, mesmo que ainda apresente resultados surpreendentes.

Na prática

Então, pode-se encontrar em quase todo ocidente massoterapeutas que aplicam a Tui-Na, e optar por tratamentos bastante eficazes para distúrbios orgânicos, musculares, circulatórios, tensionais, etc.

Existem muitos livros atualmente que ensinam algumas das técnicas e meios que são utilizados na Tui-Na, ou mesmo livros técnicos bastante completos sobre essa forma terapêutica.

A técnica Do-in é basicamente uma redução da Tui-Na. Os livros de Do-in são bastante acessíveis e descrevem métodos e tratamentos para distúrbios simples como cefaleias, lombalgias, torcicolos, resfriados, sinusite, cansaço etc.

São muitas as vantagens do uso da automassagem ou da massoterapia aplicada por um profissional quando comparadas ao uso de remédios químicos. A massagem reequilibra o funcionamento dos órgãos, dos tecidos, das energias e dos sistemas orgânicos, aumenta a imunidade e fortalece o organismo, aumenta o relaxamento e ao mesmo tempo o tónus muscular, reduz o estresse, a ansiedade, a angústia, a agitação mental, melhora a depressão etc. Além disso, seus efeitos anatômico-funcionais (em torcicolos, torções, bloqueios articulares, desvios da coluna e outros) são muito superiores ao uso isolado de remédios, como analgésicos e anti-inflamatórios.

Alguns distúrbios que podem ser tratados pela Tui-Na são: angústia, ansiedade e estresse; fraqueza, cansaço e baixa vitalidade; pressão alta ou baixa; distúrbios ginecológicos (distúrbios menstruais, cistos ovarianos etc); torções, tensões e dores musculares; problemas de coluna e dores articulares; lesão por esforço repetitivo (LER), tendinite, bursite; distúrbios gastro-intestinais, etc. Vale a pena procurar um bom profissional que aplique a Tui-Na.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/ 

sexta-feira, 6 de março de 2015

A arte da consulta na Medicina Tradicional Chinesa

O momento da interação entre paciente e profissional da Medicina Tradicional Chinesa promove oportunidades preciosas para um profundo diagnóstico e uma abordagem curativa do profissional desde os primeiros instantes da consulta

À medida que envelhecemos, vamos protagonizando a história de nosso tempo e acompanhamos nosso desenvolvimento em vários segmentos. Um dos que mais acompanhamos é o da saúde, com novas e promissoras tecnologias em benefício de nossa saúde e qualidade de vida. No entanto, à medida que ganhamos no avanço tecnológico, perdemos quase que compensatoriamente a arte sutil da percepção dos sinais, sintomas e manifestações clínicas que o paciente nos revela no momento de sua consulta.

Quantos de nós já não nos sentimos decepcionados por receber um atendimento pouco humanizado e simplesmente técnico, no qual temos pouca chance de realmente expressar o que estamos sentindo e desenvolver um relacionamento saudável entre profissional e paciente?

Muitas vezes retornamos da consulta tendo em mãos apenas solicitações de exames complementares, tendo a sensação de que não fomos compreendidos e, devido ao curto tempo, também não conseguimos falar tudo o que realmente precisava ser exposto.

Sentimos saudade dos tempos em que tínhamos o médico da família, normalmente bem-humorado e conhecedor da realidade pessoal de cada membro, das suas funções e hábitos de vida. Normalmente esse profissional tinha um vasto conhecimento de clínica geral, observava a cor da face, dos olhos, do estado geral, percutia, auscultava e normalmente prescrevia o tratamento sem necessidade de muitos exames complementares.

Os exames são recursos que devem ser utilizados quando há necessidade de esclarecer pontos que não são muito claros à simples observação, mas de forma alguma devem ser o principal recurso para substituir a avaliação semiológica.

Uma medicina contemplativa

A medicina chinesa, em sua essência, é contemplativa e empírica. Sua avaliação começa ao ver o paciente pela primeira vez. A agilidade, qualidade dos movimentos, tiques, odores, tom de voz, cores que se refletem na face, todos esses sinais podem ser observados antes mesmo que o paciente diga seu nome. Esses sinais são a manifestação da qualidade energético-sanguínea da pessoa, que possui correspondência com a saúde e a vitalidade de seu organismo.

É claro que toda essa riqueza de experiência não substitui os recursos da medicina moderna, mas revela que a medicina clássica chinesa trilha outro caminho, baseado na observação e na experiência.

O Ling-Shu, clássico da medicina chinesa sobre a arte da acupuntura, diz que "O clínico superior vigia a energia, o clínico comum perturba-se com os sinais e sintomas".

Não é raro ficarmos um pouco confusos quando estamos adoecendo, sendo assim o diagnóstico da doença torna-se uma arte. Colher informações, às vezes desconexas, pode dificultar a compreensão do quadro clínico. Por isso, o Ling-Shu dá o conselho de não valorizar demais o quadro referido pelo paciente, sendo preferível estar atento às manifestações energéticas que podem ser percebidas pela cor da face, avaliação do pulso, língua, palpação de áreas do corpo, abdômen. O que percebemos é a realidade imediata, e o que é referido nem sempre é verdadeiro (no sentido de que nem sempre o paciente está consciente das origens de seus distúrbios), e quando verdadeiro nem sempre é atual.

No primeiro encontro com o paciente, o Ling-Shu ressalta a importância de tocar o espírito do paciente, pois é a realidade sutil que mantém e preserva toda a estrutura física. O tratamento então começa na avaliação, percebendo a fonte da desarmonia e, com sensibilidade, exige atuar no psiquismo do paciente.

Vamos tomar um exemplo de um paciente com uma desarmonia no fígado. Ele pode apresentar uma gama extensa de sinais e sintomas, tais como: distúrbios de sono, problemas digestivos, dor de cabeça, náuseas, problemas nos olhos, irritabilidade, perda da criatividade e capacidade de planejamento, dores musculares, etc.

Cada órgão na medicina chinesa é responsável por qualidades e características da nossa estrutura física bem como por aspectos do nosso psiquismo. Nosso cérebro, na medicina chinesa, é um local de processamento das mensagens provenientes dos nossos órgãos internos. Serve para expressar em gestos, posturas e movimentos a energia dos nossos órgãos. Nesse caso, o profissional pode atuar despertando no paciente a virtude capaz de equilibrar o fígado, que corresponde ao elemento madeira e cuja virtude é a benevolência.

Ao tocar o paciente nesse nível, mudanças podem ser sentidas imediatamente. O tônus muscular, a cor da face e características do pulso podem sofrer mudanças antes mesmo de iniciar o tratamento que o paciente procurou.

Quando o próprio paciente compreende os motivos do adoecimento e participa ativamente na sua recuperação, bons resultados são obtidos em um curto espaço de tempo. Em contrapartida, uma má interação entre terapeuta e paciente, e a falta de afinidade e confiança interferirão negativamente, servindo o tratamento, então, apenas como uma forma de alívio temporário, sem atingir resultados satisfatórios.

Há quem diga que tratar dessa forma é induzir o resultado. Chamo isso de arte, uma capacidade que se desenvolve com base em conhecimento, mediante estudo e observação associado à sensibilidade e interesse em auxiliar o paciente em seu caminho de retorno ao seu estado de saúde.

Recursos técnicos fazem parte do arsenal terapêutico, mas a sabedoria da arte de curar transcende a técnica.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/ 

quinta-feira, 5 de março de 2015

As fases do corpo feminino segundo a Medicina Chinesa

Os ciclos do corpo feminino

Por que as mulheres têm um desenvolvimento mais rápido comparado ao dos meninos* da mesma idade? A medicina chinesa aborda essa questão segundo o seu próprio modo de explicar e compreender o desenvolvimento humano.

Segundo o Suwen**, as mulheres são regidas pelo ciclo lunar e sofrem grandes mudanças no seu organismo e no psiquismo a cada 7 anos. Os homens são regidos pelo ciclo solar e as mudanças no seu desenvolvimento ocorrem a cada 8 anos.

Para uma mulher, a energia dos rins se torna ativa quando ela faz 7 anos, quando os rins determinam a condição dos ossos. Os dentes, sendo o "excedente" dos ossos, são profundamente afetados pela energia dos rins: é nessa época em que ocorre a troca da dentição, quando os dentes de leite caem e os permanentes emergem e se consolidam se a energia renal da pessoa for próspera.

O cabelo também é influenciado pela energia renal: o cabelo é a extensão do sangue e o sangue é transformado a partir da essência dos rins; portanto, os cabelos irão crescer quando os rins estiverem prósperos.

Sua fertilidade surge aos 14 anos, nessa época o canal Ren Mai começa a ser posto à prova, e seu canal Chong se torna próspero e a menstruação começa a ocorrer. Já que todas as suas condições fisiológicas estão maduras, ela pode engravidar e ter um bebê.

O crescimento da energia dos rins atinge o status normal de um adulto por volta da idade de 21 anos: ocorre o nascimento dos últimos dentes e os demais se encontram completamente desenvolvidos.

Por volta de 28 anos, sua energia vital e se seu sangue se tornam substanciais, suas extremidades se tornam fortes, o desenvolvimento dos tecidos e de todo o seu corpo é florescente. Nesse estágio, seu corpo atravessa a condição mais forte.

O físico de uma mulher muda da prosperidade para o declínio, gradativamente após a idade de 35 anos. Assim, nessa época, seu canal Yangming começa a ficar debilitado, sua face enfraquece, e seus cabelos começam a cair.

Por volta da idade de 42 anos, seus canais Yang (Taiyang, Yangming e Shaoyang) começam a declinar. Por essa época, a compleição de sua face murcha, e seus cabelos começam a ficar brancos.

Após a idade de 49 anos, seus canais Ren e Chong declinam e sua menstruação some, já que sua essência está exausta. Seu físico fica mais fragilizado e por essa época já não é mais possível a concepção.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/

As fases do corpo masculino segundo a Medicina Chinesa

Diferente do corpo feminino, cujos ciclos mudam a cada 7 anos e são regidos pela lua, as mudanças nos ciclos do corpo masculino ocorrem a cada 8 anos, segundo a regência do sol

No artigo anterior, pudemos conhecer as mudanças pelas quais o organismo feminino passa ao longo da vida, pois são regidas pelo ciclo lunar e sofrem grandes mudanças no seu organismo e no psiquismo a cada 7 anos.

Já o corpo masculino é regido pelo ciclo solar e as mudanças no seu desenvolvimento ocorrem a cada 8 anos, segundo o Suwen*. De acordo com esse modelo, podemos compreender porque as meninas têm um desenvolvimento mais rápido comparado aos meninos da mesma idade.

Nos homens, a energia renal se torna próspera com a idade de 8 anos. Por essa época, seu cabelo se desenvolve e seus dentes permanentes surgem.

Por volta dos 16 anos, novamente sua energia renal se torna próspera, ele se acha cheio de energia vital e é fértil. Se ele mantiver relações sexuais com uma mulher, é capaz de gerar uma nova vida.

Com a idade de 24 anos, sua energia renal está bem desenvolvida para atingir o status de um adulto. Por essa época suas extremidades estão fortes, seus últimos dentes já cresceram e toda a dentição está completamente desenvolvida.

Por volta dos 32 anos, seu corpo já terá desenvolvido sua melhor condição, e suas extremidades e músculos estão bem desenvolvidos.

Aos 40, sua energia vital vai gradualmente mudando de próspera para declinante. Como resultado, seus cabelos começam a cair e os dentes a deteriorar.

Com a idade de 48 anos, sua energia renal declina ainda mais. Já que a energia dos rins é a fonte da energia Yang, a energia Yang do corpo todo começa a declinar. Como resultado, sua compleição começa a definhar e seu cabelo embranquece.

Após a idade de 56 anos, a energia do fígado declina após o surgimento da deficiência da energia renal (Segundo a Teoria da Medicina Tradicional Chinesa dos Cinco Elementos, a Água deixa de nutrir adequadamente a Madeira). Como o fígado determina a condição dos tendões, a deficiência dos rins irá causar má nutrição dos tendões, que irão ficar rígidos e falhar ao atuar adequadamente.

Após a idade de 64 anos, sua essência está exausta, assim como sua energia vital. Não tendo mais o aporte da energia renal, e sendo os rins os órgãos que regem a condição dos ossos, a debilidade dessa energia causa o enfraquecimento dos tendões e ossos. Portanto, nesse estágio, sua condição física atinge o maior declínio, seus dentes caem e cada parte de seu corpo se torna decrépita. Essa é a descrição do ciclo de um ser humano comum.

Qualidade de vida

Hoje, podemos ter uma melhor qualidade de vida devido ao fato de existirem algumas mudanças positivas no desenvolvimento da sociedade atual. A tecnologia nos proporcionou um ambiente mais protegido dos fatores climáticos, os traumatismos e muitas afecções podem ser sanadas em um espaço de tempo mais curto, prejudicando menos o organismo e dessa forma consumindo menos de nossas reservas energéticas.

Por outro lado, isso também tem afetado os ciclos naturais do corpo humano, e temos visto como as crianças e adolescentes têm se desenvolvido cada vez mais precocemente, e às vezes de forma disfuncional, o que também é resultado das condições artificiais e desequilibradas resultantes do estilo de vida moderna. Atualmente, com o desenvolvimento científico, o homem tem aspirado modificar o seu meio e a si próprio, tentando manipular forçadamente sua natureza, saúde e seu ambiente, o que tem resultado em inúmeras condições de desequilíbrio no corpo humano.

Devemos ver as coisas dialeticamente, e buscar encontrar um pouco de equilíbrio sem forçar nossas disposições inatas, respeitando os nossos ciclos biológicos e procurando agir da melhor forma em cada período de vida, tornando a jornada da existência mais positiva e criativa, assimilando o melhor de cada fase. Por isso, conhecer os ciclos e reconhecer nossas mudanças fisiológicas nos torna mais leves ante a vida e seus processos irreversíveis, os quais fazem parte da natureza humana.

Fonte: http://www.epochtimes.com.br/