De forma geral, a medicina direciona seus esforços para o tratamento e a cura de doenças – com incríveis avanços, como as cirurgias robóticas e as terapias genéticas. Multiplicam-se os conhecimentos e as tecnologias. Mas será que isso é suficiente? Ou as pessoas querem algo mais do que recuperar a saúde entendida simplesmente como a ausência de doença? O fato é que, com ou sem conhecimento de seus médicos, muitas pessoas complementam o tratamento com práticas que, acreditam, podem trazer mais bem-estar e talvez acelerar a cura. Os pacientes podem, sim, colher benefícios com tais iniciativas. Mas podem também semear riscos. Como assegurar apenas o lado positivo desses tratamentos?
São esses benefícios que a chamada medicina integrativa busca promover: seus tratamentos se somam aos da medicina considerada “mais convencional”, agregando uma gama de práticas complementares da área de saúde, devidamente respaldadas por estudos científicos, algumas normatizadas por órgãos oficiais. O leque inclui medicina tradicional chinesa e indiana, homeopatia, fitoterapia, acupuntura, massagens, meditação, yoga, shiatsu, Reiki, Rolfing e RPG, entre outros. Só que, na abordagem integrativa, em vez de serem consideradas práticas distintas ou até incompatíveis com outros tratamentos médicos, elas têm sido incorporadas pelas próprias instituições de saúde.
Nos Estados Unidos, é algo consolidado – lá todo hospital tem um núcleo de medicina integrativa e o tema está inserido academicamente em dezenas de universidades. Mas no Brasil também já há várias instituições que dispõem de um setor de medicina integrativa, e mesmo o sistema público começa a adotar as terapias complementares com bons resultados. Na rede pública de Campinas (SP), o uso de antiinflamatórios decresceu 15% com a introdução de acupuntura e terapias corporais chinesas. Além de benefícios para o paciente, essa nova abordagem tem trazido ganhos adicionais na forma de menores custos dos tratamentos – algo bem-vindo em uma época em que, paralelamente aos avanços, os custos da medicina crescem de maneira exponencial.
A medicina integrativa encara as terapias complementares como potenciais agregadoras de valor. Procura entender os benefícios que podem advir delas, evitando riscos ou impactos negativos para o tratamento. E mais, permite que o paciente participe das escolhas terapêuticas. Aspectos como esses alinham a medicina integrativa aos modernos princípios de humanização do atendimento em saúde e de integração entre médicos, pacientes e familiares.
Estudos acadêmicos atestam os benefícios de várias terapias. A acupuntura, por exemplo, potencializa o efeito de medicações para prevenir a náusea e o vômito provocados pela quimioterapia. Meditação e massagens podem ajudar a reduzir o estresse e a dor. Yoga melhora a respiração e a postura. A lista é longa. Mas há também terapias que não têm eficácia e outras que podem trazer riscos e reações adversas. Um fitoterápico ou um chá – tidos às vezes como inofensivos porque são naturais – podem ter interações indesejáveis com o medicamento alopático que a pessoa está tomando ou gerar efeitos adversos. Por isso, é preciso realizar uma pesquisa criteriosa antes de optar por um tratamento complementar para checar sua eficácia e segurança.
Assentados nesse binômio eficácia-segurança, os tratamentos complementares devem aliar-se aos já prescritos pelo médico do paciente; jamais se opor a eles ou substituí-los. O paciente tem o direito, dentro dos limites de segurança para sua saúde, de ver acolhido o seu desejo de recorrer a essas terapias. E a sua vontade de participar ativamente do tratamento deve ser valorizada pelo médico, que tem o papel de ajudá-lo a escolher as práticas complementares mais eficazes para o seu caso. É dessa interação que a pessoa extrairá a melhor combinação de terapias, potencializando os benefícios em favor de sua saúde, equilíbrio e bem-estar.
Fonte: http://www.einstein.br