De acordo com a Dra. Luciana Meneghel, fisioterapeuta da Clínica Reacciona e especialista em acupuntura: "A quimioterapia destrói as células cancerosas, impedindo que elas cresçam e se multipliquem. No entanto, esse processo pode afetar também outras células no organismo. Por exemplo, quando certas células que crescem no revestimento do estômago são lesadas durante a quimioterapia, estas enviam sinais ao cérebro que dá início ao processo dos vômitos. Outros efeitos indesejáveis da quimioterapia são: perda do apetite, diarréia, queda de cabelo, irritação da pele, escurecimento das unhas e dores nas palmas e pés", esclarece.
Tereza Camolesi Colleti foi diagnosticada com câncer de mama em 2009 e, no mesmo ano, começou a fazer sessões de quimioterapia. "Quando descobri a doença perdi o chão, fiquei pra baixo e com depressão. Depois de começar o tratamento, tinha dores fortíssimas, náuseas, insônia e ficava só deitada. Muitas vezes, precisei ser levada para as sessões carregada, pois não tinha forças e passava muito mal", conta.
E só após algum tempo do início do tratamento é que Terezinha tomou conhecimento de que a acupuntura poderia ajudar-lhe a amenizar os sintomas. "Depois de algumas sessões de quimioterapia as enfermeiras do hospital em que me tratava, vendo que eu estava sofrendo com os efeitos, me indicaram a acupuntura e disseram que a técnica poderia me deixar muito melhor", disse.
Nesse contexto, a especialista na técnica da acupuntura explica como ela age no organismo e qual a sua relação com os efeitos da quimioterapia. "A medicina tradicional chinesa toma como base a existência de uma estrutura energética e afirma que no corpo a energia circula por canais através de pontos específicos que, ao serem puncturados, reorganizam a circulação energética de todo o corpo. A doença, por sua vez, é sempre uma desorganização dessa energia funcional que controla e dinamiza os órgãos."
Por isso, como resultado, os estímulos nos pontos através de agulhas ou pressão local no paciente com câncer, amenizam os efeitos, principalmente a dor, a náusea e o vômito. "A variedade de estímulos nesses pontos é capaz de liberar uma substância neuroquímica que tira a sensibilidade do quimioreceptor no cérebro e previne os efeitos causados por medicações ou drogas quimioterápicas", acrescenta.
"Quando comecei a acupuntura senti uma melhora quase que instantânea. Foi surpreendente. As minhas dores cessaram, não tive mais náuseas intensas nem ansiedade, comecei a dormir e me alimentar melhor e o meu intestino voltou a funcionar regularmente. As enfermeiras, minha família e até meu oncologista se surpreenderam com tamanha melhora. Passei a me sentir muito bem", lembra Dona Teresinha.
Acupuntura na quimioterapia
Dra. Luciana salienta que o tratamento funciona da seguinte forma: o paciente deve iniciar as sessões de acupuntura no momento que começa as sessões de quimioterapia. A partir daí, serão realizadas sessões semanais com duração de aproximadamente uma hora. "É importante ressaltar também que a acupuntura pode ser feita mesmo que já se tenha começado o tratamento quimioterápico e não há problema se o paciente estiver tomando medicações anti-eméticas, podendo associar as duas terapias".
Na opinião da profissional, "a acupuntura pode ser eleita o melhor tratamento, especialmente para náusea e vômitos gerados pela quimioterapia, pois não causa nenhum efeito colateral". Como consequência, a fisioterapeuta da Clínica Reacciona descreve que a ausência de efeitos reduz o tempo de hospitalização, consulta médica e ansiedade entre paciente e família, e ainda melhora a tolerância e aderência ao tratamento e a ingestão de alimentos.
Tereza Colleti, hoje totalmente curada da doença, agradece imensamente a contribuição que a acupuntura teve em sua recuperação e aconselha: "Acho fundamental destacar a técnica como forma de cuidado complementar para a oncologia em geral. Eu recomendo a acupuntura a todas as pessoas que estão passando pelo que passei e acho que a terapia precisa ser muito mais divulgada e reconhecida. Todos deveriam saber que ela proporciona uma melhora significativa na qualidade de vida de um paciente com câncer", finaliza.