Quem observa a aplicação das agulhas durante uma sessão de acupuntura pode pensar que é muito dolorido espetar tais objetos sobre a pele, mas sequer imagina quantos são os benefícios que este tratamento, de origem chinesa, é capaz de trazer.
Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1991, como um tratamento complementar, a acupuntura possui atualmente uma lista reconhecida de 41 doenças, que podem ser tratadas. Inclusive, há mais dois anos essa técnica vem sendo utilizada pelo Sistema Único de Saúde, pois o Ministério da Saúde criou em 2006 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Segundo o MS, a procura por tratamentos que utilizam a acupuntura aumentou 272% na rede pública de saúde nos últimos anos.
Fundamentos
Conforme a enfermeira Graziela Romani Todorovski, que também atua como acupunturista, a acupuntura é um tipo de tratamento que observa o ser humano em sua forma íntegra, levando em consideração tanto a parte espiritual, física e emocional. Portanto, ela não separa a doença do estilo de vida que a pessoa leva, mas sim integra a sua constituição física, hereditária e comportamental. "A avaliação para o tratamento com a acupuntura é muito criteriosa, pois não se trata de um método com um mero agulhamento. Hoje a gente vê a acupuntura sendo difundida em cursos a distância, e isso, de certa forma é um agravante para a categoria (da saúde) e para o usuário", comentou.
Graziela explica que para iniciar o tratamento com a acupuntura, antes é necessário fazer uma boa avaliação do estado do paciente, levando em consideração fatores como a forma de respiração, rubor facial, nitidez da pele, unhas, cabelo, brilho do olhar, retenção de líquidos no organismo, entre vários outros detalhes. "Se observa muito mais do que apenas a queixa principal que o paciente traz, porque muitas vezes ele vem com uma queixa específica, que é importante, porque é ela que o levou a buscar o tratamento, mas também existe uma causa que está desencadeando o mal-estar e muitas vezes essa causa ainda não afetou nenhum órgão, por isso o paciente vai a um determinado profissional buscar auxílio, o profissional medica, faz exames, mas não aparece nada", explicou.
Segundo Graziela, quando a queixa existe, mas não evidencia em exames, a doença está no que é chamado de plano energético, ou seja, na circulação sanguínea, que não está funcionando adequadamente e provocando tais irregularidades à saúde da pessoa. "Veja, por exemplo, a enxaqueca, ela tem vários fatores que podem desencadeá-la, pode ser emocional, hormonal, digestiva, tensional, então não é simplesmente tratar a enxaqueca com medicamentos e mandar o paciente para casa. Na acupuntura é preciso ter outro entendimento junto com o paciente, no qual, muitas vezes, ele se depara com um espelho dele mesmo, onde olha para sua interioridade e vê o que não está bem, se é por um fator emocional, uma insatisfação na vida pessoal ou profissional, o estresse, a má alimentação, o sedentarismo. É um conjunto de fatores que muitas vezes a especialidade (médica) não faz o paciente perceber e muitas vezes somos nós os responsáveis pela doença ou pelos sintomas que apresentamos", enfatizou.
Tratamento
A base do tratamento da acupuntura é usar a aplicação de agulhas em diversos pontos específicos do corpo. Graziela explica que são inúmeros esses pontos, os quais são entendidos pelos chineses como condutores de energia ou meridianos, e a energia nada mais é do que o sangue que corre nas veias das pessoas. Esses canais de energia possuem um ponto de origem e um ponto final, por exemplo, o canal que corresponde ao fígado nasce na pontinha do dedão do pé e termina próximo da mama. "Cada ponto tem uma correlação entre um órgão e uma víscera e eles se comunicam, porque são interdependentes e um gera energia para o outro. Assim, quando um está com deficiência de energia, o outro se sobrecarrega", comentou.
Graziela relaciona que uma forma de avaliar como esta a energia em determinados órgãos é através da medição do pulso. Contudo, essa habilidade só é possível após muitos anos de trabalhos com a acupuntura e um total conhecimento sobre os pontos de energia. "Na medicina tradicional nós aprendemos a verificar o pulso para medir a frequência cardíaca, na medicina chinesa nós aprendemos a avaliar os cinco órgãos e as cinco vísceras e a partir daí determinar a situação em que o paciente se encontra", explicou. Além do pulso, também a avaliação para o tratamento com acupuntura, pode ser feita com uma observação sobre a aparência da língua do paciente.
Indicações
Na lista preconizada pela OMS, das doenças que podem ser tratadas com a acupuntura, Graziela comenta que elas estão separadas por estruturas funcionais, na ortopedia, por exemplo, é possível tratar reumatismo, lesões ortopédicas, fibromialgia, dores relacionadas às articulações, recuperações pós-cirúrgicas por fraturas, entre outras. Doenças ginecológicas, como infertilidade provocada principalmente pela ansiedade, doenças de origem gástricas, cardíacas, entre várias outras, também estão relacionadas. Contudo, ela comenta que entre as queixas que mais atende estão as doenças de origem endócrina, como lentidão do metabolismo e os hipotireoidismos. Também dores menstruais, TPM, enxaquecas, rinites, situações hormonais, em relação a colesterol e triglicerídeo alto, as doenças psicológicas, como transtorno do pânico, ansiedade, depressão, também estão entre elas.
Graziela destaca que para a maioria dos casos, a acupuntura é um tratamento complementar, ou seja, integra o tratamento convencional das doenças. Também ela explica que algumas patologias a acupuntura não cura, mas sim ameniza os sintomas, como o processo inflamatório e a dor. "A maioria dos pacientes faz o tratamento da acupuntura acompanhado pelo médico que o está atendendo na medicina tradicional", enfatizou.
Acupuntura e câncer
A acupuntura também é uma grande aliada para aqueles pacientes com câncer. O tratamento contra estas enfermidades é muito agressivo, tanto para a célula doente como para o organismo do paciente, espiritualidade e parte emocional. Assim, a acupuntura, de acordo com Graziela, vem como um frescor natural para combater o calor tóxico gerado pela própria célula doente e pelo tratamento. "Todo o tratamento com a acupuntura visa renovar o fluxo circulatório, então é como se abrisse um manancial de circulação, melhorando, por exemplo, a função renal, de forma que os pacientes que sofrem edema depois do tratamento contra o câncer desincham facilmente. Ela também ajuda a melhorar a autoestima, porque a pessoa que volta de uma cirurgia de câncer e que é mutilada, tem uma perda significativa para ela, e o tratamento com a acupuntura ajuda a liberar a endorfina e serotonina, que são os hormônios da alegria e do prazer, então o paciente volta a ter aquela esperança e expectativa da cura", comentou. Outros benefícios também são o aumento da imunidade e a desintoxicação dos medicamentos.
Fonte: http://www.diarioagora.com.br/
