A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o acidente vascular cerebral (AVC) como sendo um comprometimento neurológico focal (ou global) de início súbito, com sintomas que persistem por mais de 24 horas, podendo levar à morte, e de provável origem vascular.
Muitos dos doentes que sobrevivem ao AVC ficam com sequelas de ordem física, sensorial e cognitiva. De fato, o AVC, sendo a principal causa de incapacidade no adulto no mundo, leva à incapacidade produtiva precoce e a repercussões socioeconômicas devastadoras para o indivíduo e sua família. Aproximadamente 85% dos acidentes vasculares cerebrais são de origem isquêmica e 15% hemorrágica.
Na medicina tradicional chinesa (MTC), o AVC é conhecido como Zhong Feng (lesão pelo vento). Historicamente, a primeira descrição foi feita no Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Huang Di Nei Jing) há mais de dois mil anos. A denominação do vento deriva-se da análise dos sintomas do AVC, que geralmente são de instalação súbita, de características variáveis, acometendo regiões cerebrais e áreas corporais diversas, e de evolução imprevisível; esses fatos são semelhantes aos fenômenos naturais causados pelo vento.
Além do quadro clínico conhecido, a MTC se preocupa também com as manifestações prodrômicas, como tontura, sensação de dormência nos membros, lassidão e alterações comportamentais. Os quadros mais graves, acompanhados de coma/colapso são ditos como acometendo os órgãos internos, e os quadros mais leves, com plegias/paresias/paralisia faciais acometem os meridianos e canais colaterais de circulação de energia.
No entendimento da MTC, o AVC é uma doença multifatorial atribuída frequentemente a:
– enfraquecimento constitucional devido ao envelhecimento ou a doenças crônicas que consomem o organismo;
– trabalho extenuante ou preocupação excessiva – preocupação ou trabalho em demasia pode causar uma desarmonia interna de Yin/Yang;
– repouso inadequado e excesso de atividade sexual – assim como o trabalho excessivo, provocam desgaste da essência e desarmonia;
– alimentação inadequada – alimentação gordurosa ou ingestão abusiva de bebida alcoólica acarreta uma alteração de metabolismo, gerando produtos patológicos internos que podem obstruir a circulação sanguínea;
– alterações emocionais – o fluxo normal das substâncias orgânicas é perturbado pelas alterações emocionais, principalmente preocupação, ansiedade, irritabilidade e crises de raiva.
– trabalho extenuante ou preocupação excessiva – preocupação ou trabalho em demasia pode causar uma desarmonia interna de Yin/Yang;
– repouso inadequado e excesso de atividade sexual – assim como o trabalho excessivo, provocam desgaste da essência e desarmonia;
– alimentação inadequada – alimentação gordurosa ou ingestão abusiva de bebida alcoólica acarreta uma alteração de metabolismo, gerando produtos patológicos internos que podem obstruir a circulação sanguínea;
– alterações emocionais – o fluxo normal das substâncias orgânicas é perturbado pelas alterações emocionais, principalmente preocupação, ansiedade, irritabilidade e crises de raiva.
Tratamento com acupuntura
A acupuntura é um tratamento da MTC que estimula a boa circulação de vários tipos de energias orgânicas, com vista a harmonizar o corpo e a mente e a tratar as mais diversas patologias. Na recuperação do paciente pós AVC, melhora a circulação em áreas que haviam perdido a irrigação e promove ainda a proliferação de neurônios e a integração das áreas adjacentes, reduzindo os aspectos deficitários de comprometimento neurológico. Isto vai fazer com que os pacientes recuperem gradualmente a sua capacidade cerebral e intelectual, melhorando a qualidade de vida.
A acupuntura para recuperação de AVC também reduz os níveis de ansiedade e de stress dos seus pacientes, tornando mais fácil enfrentar as dificuldades iniciais e fortalecendo para lutar pela recuperação dia a dia. Esta eficácia é cada vez mais reconhecida pela própria medicina convencional que, em tantos pontos do mundo, tem adotado esta terapêutica nas suas unidades hospitalares, com vista à melhoria e à recuperação das vítimas de AVC.
Em 2001, Dr. Wu Tu Hsing, médico responsável pelo Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, apresentou tese de doutorado sobre o uso da acupuntura em pacientes pós AVC, demonstrando modificações clínicas e cintilográficas de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico crônico tratados pela estimulação elétrica subcutânea em pontos de acupuntura localizados no couro cabeludo, escolhidos de acordo com o quadro clínico apresentado.
Existem áreas responsáveis pela parte motora, sensitiva, pela fala, pelo equilíbrio e pelo tremor, por exemplo. Esse método já vem sendo utilizado com bastante sucesso pelos médicos acupunturistas.
É desnecessário recomendar o bom senso no tratamento do AVC. Na sua fase aguda, a gravidade do quadro pode ameaçar a vida do paciente. Devem-se utilizar todas as medidas disponíveis para preservar a vida, reduzir os possíveis danos e posteriormente desenvolver um programa consistente de reabilitação para as sequelas. Em geral, o tratamento com acupuntura pode ser iniciado assim que as condições hemodinâmica e metabólica do paciente estejam estáveis, ao sair da unidade de terapia intensiva, e continuar durante toda a internação e após a alta, em conjunto com a medicina física e de reabilitação.
Esse entendimento integrado entre os modelos médicos tradicional chinês e convencional ocidental para o tratamento dessa condição clínica certamente só traz benefícios aos pacientes.
Um entendimento mais integrado entre os modelos médicos tradicional chinês e biomédico para prevenção, detecção e tratamento dessa condição clínica prevalente certamente beneficiará a população.