quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Acupuntura é eficaz para amenizar todos os tipos de estresse

Em casos mais graves, tratamento alivia tensões ao integrar acompanhamento psicoterapêutico

Seria difícil encontrar alguém que nunca tenha sofrido de estresse. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ele afeta 90% das pessoas no mundo, mas é preciso diferenciar uma reação rotineira comum do estresse de verdade. Este, que se apresenta em quatro fases, pode ser tratado, integral ou parcialmente, com acupuntura.

"Hoje, as pessoas estão tão estressados que, quando vão ao médico, começam a tomar um monte de medicamentos. Vejo que a própria população está descontente com isso e quer buscar uma solução não medicamentosa", avalia o acupunturista André Tsai, presidente do Colégio Médico de Acupuntura de São Paulo. Ele pondera que a técnica chinesa "não vai tratar tudo", mas melhora o estado da pessoa, ainda mais quando unida à medicina ocidental.

Terapia complementar disponível no Sistema Único de Saúde, a acupuntura faz parte da medicina tradicional chinesa, que busca compreender cada indivíduo em sua totalidade. Segundo essa vertente, as doenças são causadas por desequilíbrios entre o yin e o yang, cujos fatores são climáticos, emocionais e de estilo de vida, explica Tsai.

Uma vez que o estresse desencadeia sintomas como insônia, dor de estômago, falta de concentração e fadiga crônica, por exemplo, o acupunturista vai analisar cada indivíduo e aplicar um tratamento específico. Aqui, entram os pontos energéticos em que serão aplicadas as finas agulhas.

Nas primeiras abordagens, Tsai afirma que pode-se usar pontos genéricos que servem para todos os tipos de estresse. Chamado de 'abertura dos quatro portões', o protocolo foca em quatro pontos bilaterais, nas mãos e nos pés, que vão se ligar ao intestino grosso e ao fígado. Além desses, coloca-se uma agulha em um ponto extra, no meio das sobrancelhas, que engloba cabeça e pescoço.

Conforme o tratamento for avançando, há pontos específicos para pessoas que sofrem com baixa concentração, problemas gástricos ou dores musculares. "A acupuntura trata estresse, ansiedade, distúrbios do sono, mas é um tratamento que tem de resgatar a causa da desarmonia entre yin e yang, é preciso identificar o causador do desequilíbrio", diz Tsai.

Para chegar a esse equilíbrio, a técnica chinesa atua na redução dos níveis de cortisol no organismo, hormônio que eleva o estresse. Junto a isso, há liberação de serotonina no cérebro, que dá sensação de bem-estar e relaxamento.

Tsai explica que alguns casos de estresse precisam de intervenção psicológica ou psiquiátrica. "O paciente pode ter quadro de pânico em que a abordagem medicamentosa é necessária. Não podemos ser cegos e não ter essa conversa com a medicina moderna", afirma.

A psicóloga Marilda Lipp diz que a acupuntura é muito utilizada no Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS), do qual é diretora. Ela também avalia que o efeito é limitado. "[A acupuntura] resolve sintomas, mas no psicológico entra o tratamento psicoterapêutico."
Fases do estresse

Marilda Lipp explica que há quatro fases do estresse e, para todas elas, a acupuntura ajuda no equilíbrio do organismo. Confira a seguir cada uma delas:

1ª fase - alerta: ocorre quando a pessoa se depara com algum enfrentamento que exige esforço mental, seja um momento difícil ou um acidente. "Não é nociva, na verdade ajuda a gente", diz Marilda. Os sintomas dessa fase são tensão muscular, coração acelerado, irritabilidade, mais intolerância. Um sintoma sutil que poucos percebem é a respiração superficial, que ocorre apenas na parte de cima dos pulmões. "Isso não oxigena o cérebro e vem a irritabilidade. Se as pessoas soubessem identificar, poderiam respirar profundamente e neutralizar."

2ª fase - resistência: aqui, as pessoas começam a resistir ao que está acontecendo ao redor. Os dois sintomas mais frequentes são acordar de manhã cansado e dificuldade com memória imediata. "Nessa fase, as pessoas normalmente conseguem se recuperar e não têm problema. Se o fator estressor continuar, entra em fase patológica", explica Marilda.

3ª fase - quase exaustão: "Você começa a ter dificuldade com sono, ter desânimo, não tem vontade de fazer as coisas", detalha a psicóloga. Nesse estágio, o organismo fica enfraquecido e torna-se mais fácil ficar resfriado, por exemplo.

4ª fase - exaustão: segundo Marilda, "é a pior fase que existe", pois o organismo está debilitado. Normalmente, os casos de depressão estão associados, bem como outras doenças às quais as pessoas são suscetíveis podem se desenvolver, como pressão alta, vitiligo e psoríase.

"Todo mundo passa pela duas primeiras fases. Sempre terão desafios para enfrentar, às vezes até coisa boa", afirma a especialista. Ela explica que o estresse positivo ocorre na primeira fase, em que se produz adrenalina e há ânimo. Como exemplo, ela cita o nascimento de um filho, que pode ser um momento maravilhoso, mas frustrante e que exige muito esforço do organismo para se adaptar.

Marilda reforça a importância de entender essas fases para que a pessoa tente administrar os enfrentamentos de forma afirmativa. "Às vezes, ela tem uma vida tranquila, mas se não tem estratégia, fica prejudicada quando o evento ocorre. É sempre bom aprender o enfrentamento, é uma forma de prevenção", afirma.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Acupuntura na gravidez e amamentação - parte 02

Já nas primeiras semanas da gravidez, quando algumas mulheres podem sofrer pequenos descolamentos de placenta, o método pode começar a ser empregado na gestante, pois pode prevenir que o problema progrida e resulte em um aborto espontâneo.

A acupuntura também serve para aliviar os desconfortos comuns da gravidez, como lista Érica: “Ela auxilia no tratamento desde enjoos às oscilações emocionais, passando por dores gerais, inchaço e alterações no sono ou no funcionamento do intestino”.

A quantidade de sessões depende de cada caso e, muitas vezes, já nas primeiras agulhadas a grávida pode ter seu bem-estar de volta – pelo menos até o surgimento de algum outro incômodo típico da gravidez. E tudo bem, já que este é um período que vivemos semana a semana, dia a dia mesmo, né? “Uma gestação tem que ser prazerosa, curtida. Não pode ser considerado normal passar por nove meses de sofrimento”, afirma Laysa.

Bebê sentado ou na transversal? A acupuntura pode ajudar

Uma das coisas que mais tiram o sono das futuras mamães que desejam um parto normal é quando o bebê fica sentado ou na transversal dentro da barriga. De acordo com os especialistas, a acupuntura pode ajudar a reverter essa situação. “Existem protocolos específicos para aumentar a movimentação fetal e auxiliar em seu encaixe. Neste caso, além das agulhas, utilizamos uma outra técnica da medicina chinesa, chamada moxabustão, que consiste em um bastão de artemísia utilizado para estimular os pontos de acupuntura por meio do calor”, conta Érica.

Laysa esclarece, ainda, que timing é tudo nesse caso: “Quanto mais cedo se notar que o bebê precisa ser reposicionado, maiores as chances de sucesso. O ideal é começar essa movimentação por volta da 30ª semana.”

Espetadas a favor do nascimento da criança

Trabalhos de parto lentos, em que as contrações demoram para ficar ritmadas e a dilatação parece não evoluir, podem ser muito beneficiados pela acupuntura. “O efeito ocorre na mesma hora. A estimulação da acupuntura é só um empurrãozinho de que o corpo precisa”, diz Laysa.

A prática também auxilia no estímulo ao início do trabalho de parto. Sabe quando a gestação já passou da fase de estar apenas a termo (já passou da 37ª semana) e está ali pela 40ª semana e parece que as coisas não evoluem? Nesse ponto! “A acupuntura pode amadurecer o colo do útero e induzir o início das contrações”, esclarece a acupunturista. “E sem a necessidade de indução medicamentosa”, completa a fisioterapeuta obstétrica.

Amamentação e acupuntura: uma combinação perfeita

Mãe e bebê de volta para casa, o foco é no desenvolvimento da relação entre os dois e na amamentação. Muitos motivos levam algumas mulheres a enfrentar dificuldades para amamentar – nervosismo, ansiedade, cansaço, privação de sono –, e a acupuntura pode contribuir para o sucesso do aleitamento materno. “Esses problemas também acabam afetando a produção de leite, então a acupuntura entra em jogo para controlar esses sintomas e evitar que eles continuem atrapalhando”, afirma Érica, que conta que sessões com as agulhinhas podem estimular ou regular a lactação e até tratar mastites.

A especialista da capital paulista ressalta que mesmo as mães que desejam retomar a amamentação depois de notar o leite secar podem contar com o método chinês. “A gente sempre tem que lembrar que ela trabalha as energias do próprio corpo. Acionando os pontos específicos, o leite que já secou volta a fluir, o leite que está escasso fica abundante e até uma relactação pode ser mais fácil”, finaliza.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Acupuntura na gravidez e amamentação - parte 01

Uma das grandes vantagens de vivermos gestações e a criação de filhos nos dias de hoje é podermos aproveitar todos os avanços e recursos da área da saúde, além de termos acesso a muita informação sobre as semanas da gravidez e cada fase do desenvolvimento dos bebês e das crianças. Assim, podemos complementar o pré-natal, o parto e o pós-parto com tratamentos como a osteopatia e a acupuntura para o alívio de incômodos e dores e mesmo para que eventos naturais, como a amamentação, sejam mais tranquilos.

Prática principal da medicina tradicional chinesa, a acupuntura tem o objetivo de ativar pontos que estimulam e liberam substâncias e hormônios do próprio paciente para cuidar de suas dores e problemas de saúde. “Fazendo uma analogia bem visual: às vezes, as estradas do corpo ficam congestionadas e a acupuntura atua para liberar esse trânsito”, ilustra Laysa Duch, fisioterapeuta obstétrica e pélvica e acupunturista de São Paulo.

Érica de Paula, acupunturista e doula de Brasília, afirma que a técnica pode ser aplicada em todo o corpo, tanto em pontos locais (como em dores na lombar ou no ciático) quanto em pontos sistêmicos (aqueles que ficam espalhados pelo corpo e interferem de forma geral nos órgãos).

Mas o ginecologista e obstetra Paulo Noronha, que indica a acupuntura para suas pacientes que precisem trabalhar os sintomas desagradáveis da gravidez, alerta para um cuidado importante: “Até a 37ª semana de gestação, não se deve ativar os pontos que estimulam o útero. Até a 22ª semana, essa ativação eleva o risco de um aborto espontâneo; da 23ª à 37ª semana, pode levar a um parto prematuro.” Ele explica que tais pontos, que ficam nas mãos, nas costas e no tornozelo, podem ser manipulados da 38ª semana em diante, quando o bebê já está a termo, caso haja necessidade clínica de induzir o trabalho de parto.

Para ter a segurança de que não haverá nenhum acidente neste sentido durante a gravidez, é imprescindível fazer as sessões de acupuntura com um/a profissional comprovadamente experiente no trato com gestantes. “Também é importante trocar ideias com o obstetra que esteja acompanhando a gestação sobre a possibilidade de se submeter à acupuntura. Sempre é melhor ter a liberação do médico”, defende Paulo.

Feita essa ressalva, o resto é tranquilo: por tratar os pacientes com a ativação do que existe no próprio corpo apenas com as agulhas apropriadas, sem o uso de elementos artificiais, a acupuntura é uma alternativa aos tratamentos medicamentosos. “Ela é uma grande aliada em um período em que existem muitas limitações em relação a remédios e outros procedimentos”, diz Érica.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Menos dor, melhor rendimento: acupuntura conquista atletas

Técnica chinesa tem sido cada vez mais usada no tratamento de lesões ligadas ao esporte; médico explica o procedimento e detalha os benefícios

Tradicional técnica da medicina chinesa, a acupuntura vem ganhando cada vez mais espaço entre os atletas amadores de plantão. Quem corre, pedala ou pega peso na academia convive com dores e lesões que atrapalham o rendimento e muitas vezes levam ao afastamento da atividade. Foi o que aconteceu com o baiano Alexandre Reis. Hoje ele se dedica às maratonas aquáticas e nada todos os dias. Mas isso não seria possível sem a acupuntura. Com o tratamento, ele se livrou de uma hérnia de disco na lombar, pontos de gatilho nos ombros e de uma fascite plantar. Lesões que adquiriu durante o período de cinco anos em que ficou sedentário.

- A maratona aquática mudou a minha vida, e a acupuntura me ajudou diretamente nesse processo. Minha confiança em fazer todas as minhas atividades, desde o lado pessoal até o profissional, só aumenta. Faço há 10 anos e indico para qualquer um. Espero poder continuar fazendo o meu esporte até ficar bem velhinho - comentou Alexandre.

Mas como pequenas agulhas podem ser tão eficientes? De acordo com o doutor Walter Viterbo, médico de Alexandre e dono de uma clínica referência em acupuntura em Salvador, a base do procedimento é a endorfina, que está relacionada ao prazer e à diminuição da dor, tendo dois tipos de ação, local e central. Assim, o sistema nervoso seria estimulado a partir dos acupontos, gerando respostas positivas no tratamento de diversas patologias.

- A inserção da agulha estimula as terminações nervosas existentes na pele e nos tecidos subjacentes, principalmente os músculos. A mensagem gerada por esses estímulos segue pelos nervos periféricos, até o sistema nervoso central, medula e cérebro. Aí, deflagra a liberação de diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores, desencadeando uma série de efeitos importantes, tais como: analgésico, anti-inflamatório e relaxante muscular, além da ação moduladora sobre as emoções, o sistema endócrino e imunológico e sobre várias outras funções orgânicas - explicou.

O médico lembra ainda que os benefícios da acupuntura vão além do tratamento do local lesionado, tendo influência sobre a ansiedade e o sono, por exemplo, pontos cruciais na vida de uma atleta.

- No caso dos atletas pode ser usada na recuperação de lesões e também no lado emocional, pois promove a produção de endorfina, que diminui o cortisol, que é o hormônio do estresse, da ansiedade. Também ajuda a melhorar a qualidade do sono, fazendo com que a pessoa tenha um nível de regeneração maior no sono.

No geral, de duas a três sessões por semana são suficientes para que os benefícios da acupuntura comecem a aparecer. Claro que casos mais sérios de reabilitação ou pós-operatório precisam de uma frequência maior.

- O atleta que faz acupuntura de forma regular tem um equilíbrio melhor do que aquele que não faz - afirma Viterbo.

A acupuntura também pode ser uma saída para aquelas pessoas que não gostam ou não querem tomar remédios. O médico garante que é possível conseguir bons resultados em tratamentos apenas com as agulhas.

- Existem resultados positivos só com acupuntura. Claro que para um atleta que quer voltar à ativa de forma rápida, é indicado que associe a outras terapias.

O próprio doutor Walter Viterbo é praticante de muay thai e também se trata com acupuntura. Ele ressalta que cada caso é único, e as respostas ao procedimento serão diferenciadas.

- Um dos preceitos da filosofia da medicina tradicional chinesa é atender o paciente como um ser único, integral e holístico, enxergar o indivíduo como um todo, respeitando as suas individualidades. Cada paciente responderá de acordo com a sua capacidade genética para esses estímulos.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Acupuntura aplicada na oncologia

A acupuntura é um conhecimento de origem milenar que se desenvolveu empiricamente e, com o passar do tempo, sobretudo nos últimos 50 anos, tem tido seus efeitos estudados e comprovados à luz da metodologia científica contemporânea. A acupunturiatria é a especialidade médica que se dedica ao estudo e pesquisa dos conhecimentos acerca das redes do sistema nervoso e miofascial, redes metabólicas e redes genômicas, e que conduz a especial manejo clínico dos pacientes. Sua atuação se dá por meio de procedimentos, sobretudo invasivos, com estímulos geralmente feitos por meio de agulhas em regiões do sistema nervoso periférico, cujas informações serão processadas pelo sistema nervoso central (SNC) e desencadearão respostas complexas que proporcionam normalização das funções orgânicas. Assim, a acupuntura configura-se como a denominação de um determinado procedimento terapêutico característico, e acupunturiatria define a especialidade médica.

A intervenção da acupuntura não é inócua e totalmente livre de riscos e, justamente por isso, é considerada uma modalidade de tratamento em medicina intervencionista e que tem indicações, contraindicações e potenciais efeitos adversos. É importante saber que para determinadas situações ela pode ser indicada eficazmente como tratamento isolado; na maioria das vezes, é indicada como tratamento adicional (adjuvante e/ou neoadjuvante); e, em outras situações, ela simplesmente não está indicada ou até mesmo está contraindicada.

No caso de pacientes oncológicos, a intervenção por acupuntura está indicada como tratamento complementar ao tratamento convencional e jamais como tratamento isolado ou em substituição ao tratamento instituído. Nesses pacientes, o mais grave e danoso é a falta de diagnóstico clínico nosológico, o que compromete, seriamente, a vida e a sobrevida do paciente, já que isso implicaria atraso do tratamento oncológico específico e adequado. Por isso, é importante que seja feita uma correta avaliação médica, com definição do diagnóstico clínico-nosológico, estadiamento e prognóstico.
A variedade dos tipos de câncer e suas particularidades, a grande quantidade de opções de tratamento e, consequentemente, os resultados e efeitos colaterais fazem com que a intervenção por acupuntura em pacientes portadores de neoplasia maligna seja um desafio maior do que em pacientes sem câncer. O médico acupunturiatra que lida com pacientes oncológicos deve estar atento à doença de base, o tipo de câncer, estadiamento e possíveis locais de metástases, sempre objetivando avaliar a evolução da doença e evitar o agulhamento no local do tumor. A acupuntura no local do tumor está totalmente contraindicada devido ao risco de aumento do fluxo sanguíneo local e aumento da funcionalidade tecidual da região, acarretando, consequentemente, a nutrição do tumor e progressão da doença, culminando com a piora da condição clínica do paciente.

 As principais condições que acometem os pacientes oncológicos e que são abordadas através da intervenção por acupuntura são: dor oncológica e dor crônica, náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, dor nas articulações secundária ao uso de hormonioterapia, síndrome vasomotora/fogachos, xerostomia (secura na boca), disfunções no sistema imunológico, constipação e transtornos emocionais como ansiedade e depressão.

Embora a acupunturiatria oncológica seja uma subespecialidade emergente e relativamente nova, pesquisas recentes encontraram evidências promissoras de seu papel no manejo de vários sintomas, principalmente quando as opções de tratamento existentes permanecem um desafio.

Por fim, é conveniente ressaltar que a prática da acupuntura só pode ser feita por profissionais da medicina, da medicina veterinária e odontologia – cada um em seu campo de atuação, também definido por lei. A aplicação da acupuntura por qualquer outro profissional é ilegal e pode causar sérios danos à saúde do paciente.


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Os benefícios da acupuntura no tratamento do câncer

Já tradição na Associação Paulista de Medicina (APM), a Reunião Científica de Acupuntura com Webtransmissão faz parte da programação há cerca de oito anos. Desta vez, o intuito é informar sobre as vantagens da Oncologia e Acupuntura trabalharem juntas no tratamento de pacientes com câncer.

Marcado para 06 de agosto, o evento é realizado no formato de talk show, no qual dois especialistas, que trabalham na área do tema em questão, promovem uma palestra e enriquecem com debates. Aqueles que não conseguirem comparecer, também poderão acompanhar através da transmissão via internet.

O objetivo da reunião é fornecer informações que englobam a abordagem adequada do paciente, o melhor momento para a Acupuntura entrar junto com o tratamento farmacológico e até o cuidado integrativo.

A incidência do câncer aumentou significativamente nas últimas décadas. Por esse e outros motivos, Márcia Yamamura, vice-presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura e diretora científica do Colégico Médico de Acupuntura de São Paulo, acredita que o encontro é uma grande oportunidade de atualização não apenas para médicos acupunturistas, mas também para aqueles que atuam em outras especialidades.

“A Oncologia, apesar de ser uma especialidade médica, partilha pacientes, ou seja, vários médicos de outras áreas acabam atendendo e tratando de forma conjunta. Então, é fundamental transmitir essas informações para os colegas, de como a Acupuntura pode ajudar e, garantir que ele saiba informar os pacientes quais os tratamentos disponíveis”, completou.

Segundo Márcia, a Acupuntura traz inúmeros benefícios quando caminha lado a lado ao tratamento farmacológico. Essa técnica auxilia nas náuseas e vômito decorrentes da quimioterapia ou radioterapia, melhora do estado geral como o apetite e a recorrente fadiga.

A especialista pontua ainda a melhora do estado emocional do próprio paciente e da família “Em muitos casos, acabamos fazendo o tratamento familiar, porque eles também precisam do suporte para serem capazes de ajudar o próprio parente”, afirmou.

Fonte: https://www.segs.com.br/saude/184595-os-beneficios-da-acupuntura-no-tratamento-do-cancer

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Acupuntura contribui para o controle de dores e do estresse

A acupuntura é um tipo de intervenção milenar que ainda não é muito bem compreendida em países do ocidente, principalmente por conta da enorme diferença cultural que existe em relação a alguns países do oriente, como China, Coréia e Japão, precursores dela. Ela pode ser resumida como uma terapia que se utiliza de agulhas, para estimular pontos específicos com o objetivo de equilibrar a energia da pessoa e sua interação com o meio ambiente.

O grande abismo que separa os princípios da acupuntura com os da nossa medicina ocidental é justamente este conceito de energia. Esta não pode ser visualizada ou tocada e apenas pessoas mais atenciosas conseguem senti-la, tornando difícil provar sua existência, sem que a pessoa passe por uma experiência específica, seja em uma sessão de tratamento ou mesmo prestando muita atenção ao corpo em várias situações do dia-a-dia.

Para tentar explicar esta energia, Laís Espada é especializada em acupuntura e holística explica que é possível fazer uma comparação mais simples. Todos nós temos milhares de veias e artérias, grandes e minúsculas, como um encanamento extremamente complexo, responsável em garantir que cada milímetro do corpo seja nutrido com o sangue.

Para a acupuntura, existe uma segunda rede complexa de transmissão, que carrega a energia, que também nutre nosso corpo todo. Este sistema complexo permite que a energia seja levada de forma equilibrada a todos os tecidos, órgãos, vísceras, músculos, tendões, ossos, etc. Neste caso, ela acredita que as dores e as doenças são alterações no equilíbrio energético, seja no fluxo ou na concentração. Por exemplo, uma dor de cabeça em pressão pode ser interpretada como um excesso de energia na cabeça, devido a algum bloqueio em níveis inferiores, ou em algum órgão ou víscera que tenha relação com a cabeça; problemas respiratórios podem ser vistos como uma fraqueza energética do pulmão; dores nas costas podem estar associadas a um desequilíbrio entre os dois principais tipos de energia (Yin e Yang) do rim.

A especialista garante que uma vez identificada a presença e os trajetos desta rede de vasos que transportam a energia, os estudiosos (por volta de cinco mil anos atrás) descobriram que ela poderia ser alterada e controlada por meio do estímulo de pontos específicos. Como válvulas e torneiras de um encanamento, estes pontos teriam o efeito de equilibrar o fluxo da energia, caso fossem estimulados corretamente. Após estimular com dedos, pedras, pedaços de madeiras, plantas e partes de animais, finalmente chegou-se a agulha que temos hoje. A agulha seria o material mais evoluído que temos agora, responsável por estimular os pontos de nosso corpo que auxiliam nos tratamentos energéticos.

Fonte: https://oregional.com.br/cidades/acupuntura-contribui-para-o-controle-de-dores-e-do-estresse/

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Desintoxica SP: acupunturista ajuda na reabilitação de dependentes químicos

Ramon atua na região da Cracolândia e espera crescer para atender mais pessoas

Já são mais de 100 pessoas que conseguiram superar a dependência química e sair das ruas de São Paulo. Todas elas por conta do projeto Desintoxica SP, criado pelo acupunturista Ramon Oliveira, de 27 anos. 

Na área da acupuntura há mais de nove anos, Ramon estuda a ação da técnica chinesa no processo de desintoxicação química há cinco anos.

“Após uma série de acontecimentos na região de São Paulo, maio de 2017, decidi estender o meu trabalho para pessoas em situação de rua. Trabalhei longos cinco anos dentro de hospitais psiquiátricos de desintoxicação de drogas. Com a péssima lógica do ‘medicamento para dormir’”, explica.

Ramon conheceu a técnica quando conseguiu superar a compulsão alimentar através dela. Desde então, começou a estudar sobre os outros benefícios e vícios que poderia curar.

Foi a partir daí que ele resolveu atender a população mais vulnerável socialmente e começou a atuar na região da Cracolândia. Em um ambulatório improvisado na Estação da Luz, o acupunturista atende, de forma gratuita, pessoas com abstinência de crack e cocaína que são encaminhadas à ele por igrejas.

“Os atendimentos de acupuntura auxiliam no bem-estar psíquico. Já são 106 relatos de superação das drogas. Eu venho da experiência dentro de hospitais psiquiátricos, aprendi sobre protocolos de desintoxicação de drogas. Eu aplico neles e dá muito certo”, afirma Ramon.

Doações


Para ajudar com seu trabalho, o profissional criou a campanha “1 milhão de agulhas” no Catarse. Todo o investimento até agora foi feito por ele, de forma autônoma.

Para continuar ajudando cada vez mais pessoas nessa situação, o projeto necessita de doações. Eles precisam de agulhas de acupuntura, algodão, álcool e macas. Você pode contribuir doando esses materiais ou através do Catarse, clicando aqui!

Fonte: https://conteudo.solutudo.com.br/solutudo/desintoxica-sp-acupunturista-ajuda-na-reabilitacao-de-dependentes-quimicos/

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Acupuntura cresce, mas seu viés preventivo ainda carece de compreensão

A aplicação com as agulhas é hoje uma das principais terapias integrativas dos atendimentos de saúde no Brasil. Especialistas apontam os benefícios e as possibilidades ainda pouco exploradas sobre o procedimento

Tratar a saúde com agulhas é uma situação tensa para a vida de muita gente. Com receio da dor que uma injeção - dentre outros instrumentos pontiagudos - pode provocar, alguns pacientes costumam se esquivar da possibilidade de lidar com essa situação. Consolidada nos sistemas de saúde privada e pública, a acupuntura ajudou a transformar esse quadro e agora evolui, no Brasil, como alternativa na prevenção de doenças diversas.

"Aqui no Ocidente, a acupuntura ainda é tratada de forma 'remediativa'. Mas ela é preventiva. É boa para quem tem problemas de insônia, menstruação, enxaqueca, estresse, sequelas de AVC, da parte de cardiopatia, retenção de líquidos. Na verdade, vai ser boa pra tudo", resume o terapeuta e acupunturista Bruno Aboim.

Tradição


Extensa em seus benefícios, basicamente a acupuntura consiste na aplicação de agulhas em pontos determinados do corpo do paciente, para tratar desequilíbrios orgânicos.

Bruno explica que, na visão da medicina tradicional chinesa, a prática compreende as disfunções como oscilações no fluxo de energia yin (passiva, retensiva) e yang (ativa) do indivíduo. "Ela vai atuar no tratamento desse desequilíbrio no corpo. E, na linguagem chinesa, lidar com 'ataques de vento', 'excesso de calor', ou de frio, do organismo. É uma gama vasta de possibilidades", observa.

Sobre o principal instrumento de aplicação da acupuntura, Bruno Aboim destaca que as agulhas são muito finas. O terapeuta reconhece que o paciente pode sentir algum incômodo, a depender da região do corpo e do tipo de bloqueio que a pessoa retém.

No entanto, se o caso do paciente se trata de "fobia" de agulhas, a acupuntura já trabalha com alternativas, como o laser, o fogo e a aplicação de sementes no "pavilhão auricular" (região da orelha). "Só que essas alternativas são pouco utilizadas ainda. E têm uma finalidade mais específica. Não é sistêmica como a aplicação das agulhas", pondera Bruno.

Efeitos

Para o acupunturista, as contraindicações da aplicação são muito pontuais. Não se recomenda aplicar em feridas abertas, por exemplo, pela vulnerabilidade da pele. E é preciso ter cuidado com pontos que são vasodilatadores, sobretudo, para as mulheres, durante a gravidez.

A pressão da agulha pode provocar uma contração ou até um aborto espontâneo. Por isso, Bruno Aboim recomenda que "a cada mês da gestação existe um protocolo mais indicado de acupuntura. Para as futuras mães, que não começaram a ter contrações, inclusive, a acupuntura é indicada pra trazer esses movimentos para a hora do parto".

Como toda terapia integrativa, a acupuntura, segundo Bruno, será mais eficiente se a gestante receber aplicações durante todo o período da gravidez. "Porque a acupuntura não é um milagre. Se a paciente tem uma deficiência de rim, de fígado, uma aplicação na véspera do nascimento do bebê não vai trazer essa força para a hora do parto", exemplifica. O acupunturista identifica, em linhas gerais, se o ponto do organismo está com excesso de energia, e estimula uma sedação; ou se houver a insuficiência energética, ele vai tonificar a região.

Segundo o médico e acupunturista Evaldo Leite, um dos pioneiros da acupuntura no Brasil, o tratamento está difundido pelo País. Além disto, a técnica já superou uma série de preconceitos que algumas terapias integrativas ainda sofrem - por conta do conteúdo simbólico e não-científico de parte desses conhecimentos.

O SUS (Sistema Único de Saúde) aceita, hoje, a acupuntura, de uma maneira franca, como um dos procedimentos integrativos. Existem pesquisas no Brasil, que apontam que a prática está presente em cerca de quatro mil municípios brasileiros (de um total de cinco mil)", estima o presidente da Associação Brasileira de Acupuntura (ABA).

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Hospital Veterinário em Botucatu tem tratamento com acupuntura

Ambulatório da unidade de saúde do município na Unesp atende uma média de 70 animais por semana, com maioria de cães e gatos

Desde o ano 2000, a acupuntura em animais é uma realidade no Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, no interior do Estado. No ambulatório, são atendidos semanalmente 70 pacientes, com maioria de cães e gatos.

O coordenador do ambulatório, professor Stélio Luna, desenvolve pesquisas na área desde 1987, na tentativa de popularizar e diminuir a resistência da prática em animais. “ela é eficaz não só pelas dezenas de publicações, mas especialmente em casos neurológicos e de hérnia de disco. Nós conseguimos fazer com que os pacientes voltem a se locomover e controlem a questão de urina e fezes”, explica o docente à TV Unesp.

Atendimento

Além dos atendimentos, o ambulatório também é um centro de formação, pois oferece a possibilidade de residência aos estudantes da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, do campus de Botucatu da Unesp.

“Os médicos veterinários estão um pouquinho mais dispostos a encaminhar os animais para o tratamento por acupuntura. Existe todo um contexto para a prática. Estudamos para isso e tratamos tanto problemas sistêmicos quanto ortopédicos”, afirma a residente Suellen Vieira.

“Não perdemos as esperanças nela e vimos o resultado com a técnica”, revela à TV Unesp o autônomo Wellington Ribeiro, dono da cadela Bibi, vira lata de oito meses que passou por outro setor do hospital e foi encaminhada para a primeira sessão de acupuntura no ambulatório. Ela ficou com sequelas após contrair cinomose, doença viral que resultou em dificuldades de locomoção e incontinência urinária.

Recuperação

Por acreditar na eficácia da técnica, a médica veterinária Viviane Chirinéa levou os animais de estimação para a acupuntura no espaço de saúde. O procedimento aliviou as dores fortes da cadela Duda, por exemplo, que apresentava problemas hormonais, no fígado e na coluna.

“Agora, a Duda tem uma qualidade de vida excelente. Ela está com uma alimentação natural também, toda balanceada. Ela tem 13 anos e está muito bem”, comemora Viviane Chirinéa.

“São animais que normalmente seriam submetidos a uma ‘eutanásia’, que é aquela morte humanitária, e que nós conseguimos dar uma possibilidade de sobrevida para os pacientes, que passam a ter uma qualidade de vida compatível com o viver novamente”, finaliza o professor Stélio Luna.