Prática principal da medicina tradicional chinesa, a acupuntura tem o objetivo de ativar pontos que estimulam e liberam substâncias e hormônios do próprio paciente para cuidar de suas dores e problemas de saúde. “Fazendo uma analogia bem visual: às vezes, as estradas do corpo ficam congestionadas e a acupuntura atua para liberar esse trânsito”, ilustra Laysa Duch, fisioterapeuta obstétrica e pélvica e acupunturista de São Paulo.
Érica de Paula, acupunturista e doula de Brasília, afirma que a técnica pode ser aplicada em todo o corpo, tanto em pontos locais (como em dores na lombar ou no ciático) quanto em pontos sistêmicos (aqueles que ficam espalhados pelo corpo e interferem de forma geral nos órgãos).
Mas o ginecologista e obstetra Paulo Noronha, que indica a acupuntura para suas pacientes que precisem trabalhar os sintomas desagradáveis da gravidez, alerta para um cuidado importante: “Até a 37ª semana de gestação, não se deve ativar os pontos que estimulam o útero. Até a 22ª semana, essa ativação eleva o risco de um aborto espontâneo; da 23ª à 37ª semana, pode levar a um parto prematuro.” Ele explica que tais pontos, que ficam nas mãos, nas costas e no tornozelo, podem ser manipulados da 38ª semana em diante, quando o bebê já está a termo, caso haja necessidade clínica de induzir o trabalho de parto.
Para ter a segurança de que não haverá nenhum acidente neste sentido durante a gravidez, é imprescindível fazer as sessões de acupuntura com um/a profissional comprovadamente experiente no trato com gestantes. “Também é importante trocar ideias com o obstetra que esteja acompanhando a gestação sobre a possibilidade de se submeter à acupuntura. Sempre é melhor ter a liberação do médico”, defende Paulo.
Feita essa ressalva, o resto é tranquilo: por tratar os pacientes com a ativação do que existe no próprio corpo apenas com as agulhas apropriadas, sem o uso de elementos artificiais, a acupuntura é uma alternativa aos tratamentos medicamentosos. “Ela é uma grande aliada em um período em que existem muitas limitações em relação a remédios e outros procedimentos”, diz Érica.