Recentes dados
sugerem que acupuntura pode ser uma opção viável para a redução da dor e
da disfunção após esvaziamento cervical em pacientes com câncer de
cabeça e pescoço. Os resultados de um estudo randomizado, apresentados
no 44º Encontro Anual da American Society of Clinical Oncology, que
comparou a acupuntura ao tratamento usual após cirurgia, observaram que
acupuntura foi mais eficaz na redução da dor musculoesquelética crônica,
xerostomia e disfunção.
"Esvaziamento cervical é um procedimento comum para câncer de cabeça e
pescoço, e os efeitos colaterais variam com o procedimento específico
realizado", disse o autor sênior Dr. David Pfister, médico, chefe do
serviço de oncologia de cabeça e pescoço do Memorial Sloan-Kettering
Cancer Center, em Nova York, Nova York. "Dor e disfunção do ombro são
comuns após esvaziamento abrangente do pescoço, particularmente quando o
procedimento não é o modificado".
Isso pode afetar a qualidade de vida de forma significativa e, em
certas profissões, a empregabilidade. Alguns pacientes são elegíveis
para preservação de nervo e outras técnicas radicais modificadas que
podem preservar certas estruturas sem comprometer o controle da doença.
Entretanto, embora os sintomas após a cirurgia sejam menores em tais
pacientes, eles não são completamente eliminados.
"Embora fisioterapia, exercício e medicamentos antiinflamatórios
sejam amplamente prescritos após o esvaziamento cervical, seus
benefícios muitas vezes são limitados", ele disse. "Ainda há espaço para
melhora".
Além disso, a radiação é freqüentemente administrada como
adjuvante para cirurgia e pode provocar a xerostomia, o que aumenta o
desconforto do paciente. Estudos não-controlados sugeriram que a
acupuntura é benéfica para tratar a xerostomia e, em estudos
randomizados, demonstrou benefícios no tratamento da dor
musculoesquelética crônica, incluindo a do pescoço e ombro.
Dr. Pfister e colaboradores compararam a acupuntura com o tratamento
usual em uma coorte de 70 pacientes que tinham sido recentemente
submetidos ao esvaziamento cervical e apresentavam dor e disfunção. O
desfecho primário foi a eficácia da acupuntura em aliviar a dor e
disfunção, medida pelo escore de Constant-Murley, um sistema de
pontuação específica para o ombro. O desfecho secundário foi alívio da
xerostomia, medido pelo Xerostomia Inventory.
Mais de 3 meses após o esvaziamento e a radiação cervical, uma coorte
de 70 pacientes foi randomizada tanto para acupuntura (n = 34), que
consistiu de quatro sessões no decorrer de 4 semanas, ou tratamento
usual (n = 36). A idade média foi de 59 anos, e 83% foram submetidos à
drenagem cervical radical modificada. Os dados do desfecho foram
incompletos em 12 pacientes, primeiramente devido a uma avaliação final
incompleta.
Uma avaliação do escore de Constat-Murley mostrou alívio maior da dor
no grupo que recebeu acupuntura (41,9 versus 45,0). Os pesquisadores
também observaram que mais pacientes mostraram resposta à acupuntura do
que ao tratamento usual, e sentiram alívio maior dos sintomas,
evidenciado por uma melhora de 33% ou mais no escore de Constant-Murley.
Dor e disfunção melhoraram em 39% dos pacientes no grupo que recebeu
acupuntura, mas somente 7% do grupo que recebeu tratamento usual.
Outro benefício da acupuntura foi a redução significativa da
xerostomia; este benefício persistiu mesmo depois quando a análise foi
limitada a pacientes com escores iniciais maiores.
"Reduções significativas da dor, disfunção e xerostomia foram
observadas nos pacientes que receberam acupuntura, [comparados ao]
tratamento usual; e a acupuntura foi bem tolerada", disse Dr. Pfister.
Dr. Pfister acrescentou que embora sejam necessários mais estudos, o
ensaio apóia o benefício potencial da acupuntura nesta população.
"Como qualquer outro tratamento, a acupuntura não funciona para todo
mundo, mas pode ser extremamente útil a muitos", disse em uma declaração
a co-autora Barrie Cassileth, PhD, chefe do Integrative Medicine
Service no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center. "Não trata a doença,
mas a acupuntura pode controlar vários sintomas agonizantes, tais como
falta de ar, ansiedade, depressão, fadiga crônica, dor, neuropatia e
osteoartrite".
Ela acrescentou que pacientes com câncer interessados neste
tratamento devem procurar acupunturistas autorizados pelo National
Certification Commission for Acupuncture and Oriental Medicine que sejam
treinados, ou que pelo menos tenham experiência, em trabalhar com os
sintomas e problemas especiais provocados pelo câncer e pelo seu
tratamento.
"Esses estudos identificam novos tratamentos promissores para
pacientes com algumas das neoplasias mais difíceis de tratar e novos
caminhos para melhorar os sintomas do pacientes e os efeitos colaterais
do tratamento", disse o Dr. Nicholas Petrelli, médico, diretor médico do
Helen F. Graham Cancer Center em Wilmington, Delaware, que dirigiu uma
coletiva de imprensa na qual o estudo do Dr. Pfister foi incluído. "E
enquanto muito progresso tem sido realizado na pesquisa sobre o câncer,
tanto a doença quanto seu tratamento pode ter um preço para os
pacientes, então, é fundamental que nós continuemos a procurar novas
formas de diminuir o desconforto e melhorar a qualidade de vida". O estudo foi apoiado pelo National Cancer Institute.
Fonte: www.cmba.org.br