sábado, 27 de setembro de 2014

Acupuntura reduz a dor e a disfunção após esvaziamento cervical

Recentes dados sugerem que acupuntura pode ser uma opção viável para a redução da dor e da disfunção após esvaziamento cervical em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Os resultados de um estudo randomizado, apresentados no 44º Encontro Anual da American Society of Clinical Oncology, que comparou a acupuntura ao tratamento usual após cirurgia, observaram que acupuntura foi mais eficaz na redução da dor musculoesquelética crônica, xerostomia e disfunção.

"Esvaziamento cervical é um procedimento comum para câncer de cabeça e pescoço, e os efeitos colaterais variam com o procedimento específico realizado", disse o autor sênior Dr. David Pfister, médico, chefe do serviço de oncologia de cabeça e pescoço do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, Nova York. "Dor e disfunção do ombro são comuns após esvaziamento abrangente do pescoço, particularmente quando o procedimento não é o modificado".

Isso pode afetar a qualidade de vida de forma significativa e, em certas profissões, a empregabilidade. Alguns pacientes são elegíveis para preservação de nervo e outras técnicas radicais modificadas que podem preservar certas estruturas sem comprometer o controle da doença. Entretanto, embora os sintomas após a cirurgia sejam menores em tais pacientes, eles não são completamente eliminados.
"Embora fisioterapia, exercício e medicamentos antiinflamatórios sejam amplamente prescritos após o esvaziamento cervical, seus benefícios muitas vezes são limitados", ele disse. "Ainda há espaço para melhora".

Além disso, a radiação é freqüentemente administrada como adjuvante para cirurgia e pode provocar a xerostomia, o que aumenta o desconforto do paciente. Estudos não-controlados sugeriram que a acupuntura é benéfica para tratar a xerostomia e, em estudos randomizados, demonstrou benefícios no tratamento da dor musculoesquelética crônica, incluindo a do pescoço e ombro.

Dr. Pfister e colaboradores compararam a acupuntura com o tratamento usual em uma coorte de 70 pacientes que tinham sido recentemente submetidos ao esvaziamento cervical e apresentavam dor e disfunção. O desfecho primário foi a eficácia da acupuntura em aliviar a dor e disfunção, medida pelo escore de Constant-Murley, um sistema de pontuação específica para o ombro. O desfecho secundário foi alívio da xerostomia, medido pelo Xerostomia Inventory.

Mais de 3 meses após o esvaziamento e a radiação cervical, uma coorte de 70 pacientes foi randomizada tanto para acupuntura (n = 34), que consistiu de quatro sessões no decorrer de 4 semanas, ou tratamento usual (n = 36). A idade média foi de 59 anos, e 83% foram submetidos à drenagem cervical radical modificada. Os dados do desfecho foram incompletos em 12 pacientes, primeiramente devido a uma avaliação final incompleta.

Uma avaliação do escore de Constat-Murley mostrou alívio maior da dor no grupo que recebeu acupuntura (41,9 versus 45,0). Os pesquisadores também observaram que mais pacientes mostraram resposta à acupuntura do que ao tratamento usual, e sentiram alívio maior dos sintomas, evidenciado por uma melhora de 33% ou mais no escore de Constant-Murley. Dor e disfunção melhoraram em 39% dos pacientes no grupo que recebeu acupuntura, mas somente 7% do grupo que recebeu tratamento usual.

Outro benefício da acupuntura foi a redução significativa da xerostomia; este benefício persistiu mesmo depois quando a análise foi limitada a pacientes com escores iniciais maiores.

"Reduções significativas da dor, disfunção e xerostomia foram observadas nos pacientes que receberam acupuntura, [comparados ao] tratamento usual; e a acupuntura foi bem tolerada", disse Dr. Pfister.

Dr. Pfister acrescentou que embora sejam necessários mais estudos, o ensaio apóia o benefício potencial da acupuntura nesta população.

"Como qualquer outro tratamento, a acupuntura não funciona para todo mundo, mas pode ser extremamente útil a muitos", disse em uma declaração a co-autora Barrie Cassileth, PhD, chefe do Integrative Medicine Service no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center. "Não trata a doença, mas a acupuntura pode controlar vários sintomas agonizantes, tais como falta de ar, ansiedade, depressão, fadiga crônica, dor, neuropatia e osteoartrite".

Ela acrescentou que pacientes com câncer interessados neste tratamento devem procurar acupunturistas autorizados pelo National Certification Commission for Acupuncture and Oriental Medicine que sejam treinados, ou que pelo menos tenham experiência, em trabalhar com os sintomas e problemas especiais provocados pelo câncer e pelo seu tratamento.

"Esses estudos identificam novos tratamentos promissores para pacientes com algumas das neoplasias mais difíceis de tratar e novos caminhos para melhorar os sintomas do pacientes e os efeitos colaterais do tratamento", disse o Dr. Nicholas Petrelli, médico, diretor médico do Helen F. Graham Cancer Center em Wilmington, Delaware, que dirigiu uma coletiva de imprensa na qual o estudo do Dr. Pfister foi incluído. "E enquanto muito progresso tem sido realizado na pesquisa sobre o câncer, tanto a doença quanto seu tratamento pode ter um preço para os pacientes, então, é fundamental que nós continuemos a procurar novas formas de diminuir o desconforto e melhorar a qualidade de vida". O estudo foi apoiado pelo National Cancer Institute.

Fonte: www.cmba.org.br