quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Acupuntura garante mais qualidade de vida para animais

Terapia milenar vem ganhando espaço em clínicas para pets desde o fim dos anos 90; método é usado para tratar, por exemplo, problemas ósseos e comportamentais

Aventureira e bem-disposta, Diva costumava encarar trilhas, mesmo as difíceis, e sempre aceitava, sem pestanejar, convites para longas caminhadas. Agora, com cerca de 13 anos, a cachorrinha caramelo sente a idade pesar sobre as costas, que doem. Quando os passeios pareciam não mais se encaixar na rotina dela e a cadelinha já estava toda borocoxô depois de ficar de molho por dois dias, Diva foi apresentada à acupuntura.

Milenar técnica terapêutica oriental, cujos benefícios em humanos são bem conhecidos, a prática vem sendo usada em consultórios veterinários desde o fim dos anos 90. Hoje, explica o mestre em ciência animal e acupunturista Bruno Lapertosa, sabe-se de sua eficácia quando a terapia é integrada ao tratamento de patologias ósseas e musculares, de problemas neurológicos e dermatológicos, de distúrbios comportamentais e para reabilitação pós-operatória.

Ainda no primeiro mês de tratamento, a mestiça caramelo já apresentou melhora e deixou de ter crises de dor, que a deixavam imobilizada. A terapia, no entanto, não foi a primeira opção a que sua tutora recorreu: “Quando notei que ela estava com dores na coluna, perto da base do rabo, entrei logo com medicação”, lembra a psicóloga Cristiana Pereira Moura, 46. 

Ocorre que Diva já frequentava uma clínica de medicina veterinária integrativa. Então, “foi um pulo para que a técnica fosse sugerida”. “No início, fazíamos uma sessão toda semana e, à medida que os sintomas de dor foram desaparecendo, fomos espaçando as visitas”, lembra a tutora. Há um ano, a cachorrinha recebe em casa um veterinário acupunturista mensalmente. Ela não precisa mais tomar medicação para dores musculares.

Cristiana observa que, claro, a cachorrinha “não consegue mais dar saltos altos ou caminhar por muito tempo. Por causa da idade, não dá para abusar, mas, agora, ela já caminha sem dor”, sinaliza a psicóloga, que resgatou a “companheira de todas as horas” em uma rodovia nas adjacências de Belo Horizonte.

De forma resumida, “é uma terapia usada para garantir mais qualidade de vida para os animais”, explica o médico veterinário Lapertosa. Embora a acupuntura possa ser aplicada a espécies de grande e de pequeno portes, e até mesmo em aves e répteis, são os gatos e, principalmente, os cães os principais pacientes do profissional.

“É importante dizer que não estamos falando em milagre e que o uso da terapia deve ser avaliado caso a caso”, alerta ele, lembrando que a técnica vai se integrar ao tratamento clínico.

Normalmente, os resultados começam a ser notados na segunda ou na terceira sessão, mas é preciso ter paciência. “O protocolo inicial é que as aplicações aconteçam uma vez por semana, de três a cinco semanas. Em função da melhora do animal, a gente determina o intervalo, vai espaçando”, situa Lapertosa, completando que esse “é um tratamento em longo prazo e, usualmente, contínuo”.

Domiciliar

Acupunturista veterinário, Bruno Lapertosa opta por oferecer atendimento domiciliar, pois, na maioria das vezes, os animais são idosos e apresentam dificuldade de locomoção.

Ação analgésica e anti-inflamatória

A enfermeira Danielle Gonçalves Abranches, 34, convive há 13 anos com a Mel, uma cachorrinha mestiça com traços da espécie Dachshund que encontrou na acupuntura animal uma possibilidade para seu bem-estar.

No início de 2019, ela descobriu na cadelinha um tumor de mama. Em meio ao tratamento, outras complicações foram diagnosticadas. “Exames de sangue apontaram para alterações na função hepática. Voltamos ao oncologista, mas, felizmente, não tinha relação com o câncer”, recorda Danielle. 

“A Mel passou por exames endocrinológicos, e descobrimos que havia um problema hormonal e uma disfunção da glândula suprarrenal”, cita.

A série de problemas fazia com que Mel sofresse com pequenas crises de convulsão. Algumas vezes, os tremores causavam desequilíbrio, e ela chegava a cair. “O problema é que a medicação indicada para tratar esse quadro ataca o fígado, que já estava inflamado”, conta ela. 

Como explica o médico veterinário Bruno Lapertosa, a acupuntura possui ação anti-inflamatória e analgésica. Assim, foi eficiente para os cuidados demandados por Mel – sempre associados ao acompanhamento clínico. “A gente percebeu que, logo nas primeiras sessões, os tremores foram reduzindo. Hoje, ela quase não tem crises”, garante Danielle.

Fonte: https://www.otempo.com.br/interessa/acupuntura-garante-mais-qualidade-de-vida-para-animais-1.2262590